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quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Russkiy Mir e a Persistência do Totalitarismo

 

Uma Análise Geopolítica à Luz da Doutrina Kirkpatrick



Putin implementa o Russkiy Mir




Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro




Introdução


Desde o colapso da União Soviética, analistas ocidentais debatem se a Rússia abandonou de fato sua vocação imperial. A resposta, cada vez mais evidente, é não

O Kremlin não apenas preservou a alma do antigo império soviético, como também reintroduziu o conceito soviético de Defesa do Estado em um formato mais sutil e sofisticado. Na verdade, Moscou parece ter absorvido as linhas gerais da Doutrina Kirkpatrick, sobre distinguir regimes autoritários de totalitários, para justamente dissimular o caráter invasivo de seu próprio regime. 

Mas a reforma russa não para aí: o regime de Putin também reconfigurou sua estratégia política externa, construindo um projeto ideológico global: o Russkiy Mir.

Mais do que uma política diplomática, o Russkiy Mir é uma visão de mundo. Combina nostalgia imperial, valores tradicionais e ortodoxia religiosa - compondo uma doutrina conservadora e soberanista que enfrenta a nociva praga globalista europeia, o apodrecimento ético, moral e a permissividade woke, de um lado... e desafia o liberalismo ocidental, no entanto, de outro. 

Sua expansão absorve as assimetrias e o caráter híbrido dos conflitos difusos de quarta geração. Embora Moscou cultive ostensivamente o militarismo impiedoso, sua Russkiy Mir  não se dá por tanques, mas por escolas, igrejas, mídias estatais e redes de influência. É uma guerra cognitiva, silenciosa e persistente.

Este artigo, portanto, propõe uma breve análise crítica do Russkiy Mir como herdeiro do totalitarismo soviético, no entanto sob roupagem autoritária de Putin, comparando-o ao pan-eslavismo do século XIX e examinando sua atuação em três frentes: Europa, América Latina e África. 

À luz da Doutrina Kirkpatrick, argumentamos que o Russkiy Mir representa não apenas uma ameaça geopolítica ao globalismo eurocêntrico e à OTAN. Revela também uma exportação de modelos autoritários que - ainda que representem uma moderenização e abertura em relação à antiga URSS, potencialmente corroem democracias frágeis e seduzem governos populistas.


O legado soviético e a alma do império


A União Soviética não foi apenas um regime comunista; foi um projeto totalitário imperialista, que buscava moldar o pensamento, a cultura e a identidade dos povos sob seu domínio. A doutrina oficial, o controle da imprensa, a repressão à dissidência e a vigilância constante criaram um sistema onde o Estado era onipresente.

Com o fim da URSS, esperava-se que a Rússia se tornasse uma democracia liberal. O processo de abertura, porém, parou em Boris Iéltsin - no choque cultural intrinsecamente conflituoso do globalismo (libertário-liberticida), no fenômeno criminológico que corroia o Estado por dentro... e a sociedade por fora, e na crise econômica que colocava a Rússia de joelhos perante uma Europa ansiosa por se apoderar dos combustíveis fósseis e resíduos tecnológicos deixados nas repúblicas que ganharam autonomia. 

Assim foi que o Estado russo reagiu e reforçou estruturas de controle ideológico, centralização política e repressão à oposição. No bojo de um neoconservadorismo bem mais à direita... o governo "ressignificou" antigos símbolos soviéticos, sem descurar do resgate czarista. A reabilitação de Stalin na Grande Guerra Patriótica, o retorno da religiosidade ortodoxa e a militarização da sociedade indicam, hoje, que o império não morreu — apenas mudou de forma.

O Russkiy Mir é a expressão contemporânea dessa alma imperial, organizado por Vladimir Putin, Sergey Lavrov, Dmitri Medvedev e o General Gerasimov. Ele não busca apenas restaurar fronteiras, mas reconstruir uma esfera de influência baseada em valores russos, ortodoxia e rejeição ao Ocidente globalista "decadente".


A chave do Russkiy Mir é a Doutrina Gerasimov


A Doutrina Gerasimov, recebe esse nome em homenagem ao Chefe do Estado-Maior Geral das Forças Armadas Russas Valery Gerasimov.

A doutrina redefine o conceito moderno de diplomacia ativa entre estados e a guerra - colocando ambos em pé de igualdade como  atividades políticas, econômicas, informacionais e humanitárias, que assim se habilitam como justificativa para operações militares. 

Ela é uma releitura da Guerra Gálica de Júlio Cesar - e o avanço de Roma a pretexto de "proteger" e "honrar" alianças tribais conjuntanente com a atividade organizacional subversiva e permanente, preconizada por HoChiMin e muito bem descrita por Douglas Pyke em sua obra "Vietcong". 

A doutrina segue também o conceito estratégico chinês de Guerra Híbrida. Aliás, tornou-se conhecida após sua publicação em fevereiro de 2013,  justamente por abordar o conceito, refletindo-se nas ações subsequentes da Rússia em relação à Ucrânia.

Gerasimov, totalmente alinhado à política flexível de inteligência operante e proativa de Putin, apresentou seu relatório perante a Academia de Ciências Militares da Rússia, abordando o conceito e contexto da guerra híbrida sob o título "O valor da ciência em antecipação" , publicado no Correio Militar e Industrial e traduzido na edição da britânica Military Review.

A doutrina estabelece um parâmetro de atividade combinada na proporção de 4X1: quatro ações não militares para cada ação militar.

Medidas militares de dissuasão estratégica, visando manutenção da paz, devem combinar formação de coligações e alianças, pressão política e diplomática, sanções econômicas, bloqueio econômico, rompimento das relações diplomáticas, formação de política  e apoio à ação das forças de oposição.

Intervenções militares devem ser precedidas de ações que constatem a "conversão da economia do país" que enfrenta a Rússia, para os trilhos militares. Essa constatação justifica formas de "encontrar maneiras de resolver o conflito", mudando a liderança política do país beligerante.

A implementação de medidas para reduzir as tensões nas relações após a mudança de liderança política, concluem a pacificação do conflito.

Por fim, o conjunto estratégico pressupõe “confronto de informações”, sem delimitar se essas atividades são militares ou não militares.


Doutrina Kirkpatrick e o risco da exportação totalitária


Jeane Kirkpatrick, em seu ensaio seminal “Dictatorships and Double Standards” (1979), diferenciou regimes autoritários, que controlam o comportamento - de regimes totalitários, que controlam o pensamento. Segundo ela, os totalitarismos são mais perigosos porque moldam a sociedade de forma profunda e duradoura.

Aplicando essa lógica ao Russkiy Mir, vemos que o projeto russo atual não se limita a alianças estratégicas. Ele busca influenciar narrativas, valores e identidades numa perspectiva autoritária  tipicamente própria da formação do Estado Russo. No entanto, propõe-se a seguir um rumo diferente do totalitarismo ideológico soviético. 

Aliás, é importante anotar que essa busca por um "mundo russo", procura "proteger" os valores morais clássicos, ortodoxos e romanos - que o regime percebeu como postos em risco pelo processo de degradação moral e de "poluição migratória" que o globalismo progressista inoculou na Europa. 

A Rússia contemporânea oferece apoio ideológico, cultural e até militar a regimes que compartilham sua visão de mundo, promovendo uma "ordem alternativa" ao globalismo predatório - mas que se estende também a um combate à democracia liberal.

A exportação de totalitarismo não se dá por revoluções, mas por infiltração cultural, desinformação e engenharia ideológica. Joga com as mesmas armas neoimperialistas de Bruxelas, com os mesmos vírus criados pelo Clube de Bildeberg, pelos banqueiros Kazares - que hoje devoram as sobras do carcomido globalismo progressista e sua cultura "woke". 

Por isso, a estratégia "autoritária" russa, atrai a atenção da direita europeia e norte americana e apavora os marxistas culturais da escola de Frankfurt. É uma forma moderna e curiosa de imperialismo - mais sutil e, por isso mesmo, segundo uma análise de inteligência ocidental, bem mais perigosa que o perfil totalitário stalinista.


Russkiy Mir como ferramenta de influência global


Europa

Na Europa, o Russkiy Mir atua por meio da diáspora russa, igrejas ortodoxas, escolas de língua russa e programas culturais financiados pelo Kremlin. 

Cidades como Berlim, Paris e Viena abrigam comunidades que, silenciosamente, mantêm vínculos com Moscou. A influência não é explícita - ela se manifesta em debates públicos, na mídia e na formação de opinião.

Narrativas como “fadiga da Ucrânia” ou “entendimento da Rússia” são disseminadas para minar o apoio europeu à resistência ucraniana. Trata-se de uma guerra cognitiva, onde o objetivo é moldar percepções e enfraquecer a coesão europeia.

De certa forma, a estratégia do Kremlin usufrui do conflito entre globalistas-progressistas e a nova direita soberanista europeia - que geram duas síndromes sintomáticas de desagregação: a "Síndrome de Chamberlain" - por meio da qual a Europa vê-se invadida por hordas de imigrantes ostensivamente hostis à cultura ocidental... e a "xenofobia isolacionista", reativa e reacionária.

É nesse contexto que é preciso reanalisar o caso ucraniano... para perceber o enorme custo do conflito - e sobre isso recomendamos uma releitura do nosso artigo "A Europa em Armas", referenciado abaixo. 


América Latina

Na América Latina, a Rússia explora ressentimentos históricos contra os Estados Unidos e promove uma narrativa "anti-imperialista". Países como Venezuela, Nicarágua e Cuba recebem apoio político, militar e midiático. A presença da mídia estatal russa (RT, Sputnik) em espanhol amplia o alcance da propaganda.

O Brasil é a grande potência ao sul do equador. Se Cuba, ao norte, é uma base entregue de forma incondicional à Rússia, o Brasil é visto como um terreno entregue aos Estados Unidos.  Na verdade, a Russia mantém-se neutra ideologicamente no território brasileiro, por historicamente manter relações comerciais estáveis no campo agro-industrial e compromissos ideológicos dissimuladamente consolidados no campo da cultura e comunicação - algo que a miopia política latino americana não percebe...

A Rússia, assim, oferece parcerias estratégicas,  convênios culturais, treinamento militar pontual e apoio tecnológico, consolidando sua presença como "alternativa à influência ocidental". 

O Russkiy Mir, aqui, se adapta ao contexto latino-americano de maneira dúbia, promovendo valores conservadores - algo que atrai a própria direita latino americana, e patrocinando regimes cubanófilos - para deleite de esquerdistas (que não percebem - ou não querem ver - que a relação da Russia com Cuba e Venezuela "involuiu" da tomada de territórios para fins militares na Guerra Fria... para pura relação predatória - um quase oligopólio no fornecimento de serviços limitados em troca do fornecimento ilimitado de comodities).

Por óbvio que essa dubiedade gera uma base de inteligência e desinformação intrínseca ao "mundo russo" - para incômodo norte americano.


África

Na África, o Kremlin atua em países instáveis ou em conflito, oferecendo apoio militar privado (via Grupo Wagner), consultoria política e influência cultural. A presença russa em Mali, República Centro-Africana e Sudão é marcada por uma combinação de segurança, propaganda e controle  predatório de recursos - tal qual assim era com Angola e ainda é com Cuba.

A Rússia se apresenta como parceira confiável, porque dispensa exigências democráticas, o que atrai  regimes autoritários africanos. O Russkiy Mir se manifesta como uma "alternativa à ordem liberal" e ao "globalismo progressista", promovendo estabilidade autoritária e rejeição ao Ocidente - algo que reflete o perfil antropológico tribal africano e sensibiliza o secular rancor anti-europeu. 


Culturas civilizacionais e incompreensões ocidentais


A análise do Russkiy Mir exige uma compreensão profunda das estruturas civilizacionais que moldam o espírito russo

O Ocidente, ao interpretar a Rússia apenas por lentes liberais e racionalistas, frequentemente ignora o papel da tradição romano-oriental ortodoxa, que está incrustada na alma russa tanto quanto o confucionismo na China ou o xintoísmo feudal no Japão.

Na Rússia, a ortodoxia não é apenas religião — é fundamento espiritual do Estado. Ela sacraliza o poder, legitima o expansionismo e molda a identidade nacional. 

Na China, o mandarinato confucionista estrutura a burocracia e a relação entre governantes e governados. No Japão, mesmo após a ocidentalização do Estado pós-guerra, a cultura política preserva traços do sistema feudal dos samurais e xoguns.

Ignorar essas raízes leva a erros estratégicos. O Russkiy Mir não é apenas uma política — é uma expressão civilizacional. Combatê-lo (ou não) exige mais do que sanções: exige compreensão da alma russa, algo que o Ocidente ainda reluta em buscar.


Comparação com o pan-eslavismo do século XIX


O pan-eslavismo foi uma ideologia que buscava unir os povos eslavos sob liderança russa, especialmente nos Bálcãs. Ele combinava nacionalismo, ortodoxia e imperialismo, servindo como justificativa para intervenções militares e expansão territorial.

O Russkiy Mir compartilha essa lógica, mas com escopo global. Enquanto o pan-eslavismo era centrado na Europa Oriental, o Russkiy Mir atua em múltiplos continentes. Ambos promovem a ideia de "missão civilizatória russa", mas o método mudou: do sabre à narrativa.

A comparação revela que o imperialismo russo não é novo — apenas se atualizou. O Russkiy Mir é o pan-eslavismo do século XXI, adaptado às tecnologias da informação e às dinâmicas da globalização.


Implicações para democracias frágeis


De toda forma, o fenômeno demanda atenção.

O avanço do Russkiy Mir representa um risco geopolítico para democracias frágeis, especialmente aquelas com polarização interna, instituições capturadas e baixa resiliência informacional. 

A Rússia atua nesse contexto, tradicionalmente,  como catalisadora de crises, promovendo desinformação, apoiando movimentos extremistas e minando a confiança pública.

A guerra cognitiva russa - é preciso reforçar - não busca apenas influência, ela visa desestabilizar. 

Ao promover valores “tradicionais”, rejeitar o liberalismo e oferecer modelos autoritários como forma de conter a sanha globalista, o Russkiy Mir se torna uma ameaça potencial à ordem democrática global.


Conclusão


O Russkiy Mir não é apenas uma política externa — é uma visão de mundo que desafia os fundamentos da democracia liberal. 

Herdeiro da alma soviética, o projeto combina nostalgia imperial, ortodoxia e autoritarismo em uma estratégia de influência global.

À luz da Doutrina Kirkpatrick, é possível entender que o perigo não está apenas nas fronteiras, mas nas ideias. O projeto russo não se impõe com tanques: ele seduz com cultura, valores e desinformação - mimetiza, dessa forma, o espectro totalitário, ainda que busque ser autoritário.

Diante disso, a pergunta que se impõe não é apenas geopolítica, mas civilizacional:  Russkiy Mir é um remédio amargo contra a praga globalista decadente... ou o veneno para a democracia?




Referências: 

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  • Pedro, Antonio Fernando Pinheiro - CONFLITOS ASSIMÉTRICOS, PARAMILITARISMO, INTERESSES DIFUSOS E GUERRA HÍBRIDA DE 4ª GERAÇÃO - Fatores de risco para a Soberania e o Estado Democrático de Direito, in Blog "The Eagle View", in https://www.theeagleview.com.br/2015/09/paramilitarismo-direito-e-conflitos-de.html








Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista, consultor estratégico e ambiental, com serviços prestados e estudos publicados junto a organismos multilaterais como a ONU (Unicri e Pnud), Banco Mundial, IFC, Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, governo brasileiro e grandes corporações. Sócio fundador do escritório Pinheiro Pedro Advogados e diretor da AICA - Agência de Inteligência Corporativa e Ambiental, é  membro do Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Presidente da UNIÁGUA - Instituto Universidade da Água e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa - API. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.

 

 






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