O "dominó" de Trump começa a derrubar as peças montadas pelo globalismo na política climática
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Presidente Trump assina Ordem Executiva retirando os EUA do Acordo de Paris |
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Donald Trump assinou a ordem executiva, em seu primeiro dia de mandato, retirando os Estados Unidos da América do Acordo de Paris.
Em verdade, o Acordo de Paris nunca foi ratificado pelo Congresso Americano. Portanto, a adesão da gestão democrata era apenas uma declaração de vontade política, engajada pela administração Biden.
Trump criticou o acordo, chamando-o de "injusto e unilateral", prejudicial à economia americana. Além disso, Trump prometeu expandir a produção de combustíveis fósseis e reverter políticas ambientais da administração anterior.
Ação contra a retórica
A decisão norte americana denuncia os "esforços globais de combate às mudanças climáticas" como um mero exercício de retórica face a um compromisso internacional custoso e impreciso.
Num efeito dominó, os grandes bancos internacionais já abandonaram a coligação climática NET ZERO - uma aliança de instituições financeiras com o objetivo de atingir emissões líquidas zero de carbono até 2050.
JP Morgan Chase, Goldman Sachs, Wells Fargo, e Bank of America, saíram da coligação alegando implicações regulatórias instáveis, pouco claras e um tanto quanto "nebulosas", em relação ao futuro do cumprimento de metas de descarbonização. À essa incerteza, somaram a necessidade de adequar estratégias de investimento face à volatilidade econômica e à inflação.
O custo da retórica climatista-globalista, não vale a música para ouvidos desavisados. Na verdade, interesses globalistas e a ideologia "woke" contaminaram a agenda 2030/2050, e as instituições não encontram mais alinhamento com suas estratégias corporativas - em especial na questão fulcral da segurança energética - ainda muito dependente dos combustíveis fósseis.
A geopolítica não pode ser desconsiderada. Há clara divisão de interesses geopolíticos entre a agenda da esquerda globalista e eurocêntrica - financiada por Davos, Bilderberg e os Kasares sediados em Genebra... e a agenda de interesses soberanos dos Estados Unidos e países alinhados com a economia desenvolvimentista de mercado. No centro do conflito, está o comportamento "alinhado" da ONU - Gestora do Tratado e do Acordo de Paris, e os "consensos" alarmistas, construídos pelo seu Painel Intergovernamental. China e Rússia... são pêndulos nesse contexto.
Stakeholders e cidadãos, não se confundem com militantes identitários, ecologistas ou burocratas ativistas. Cidadãos estão interessados no progresso econômico e social. Preferem manter o foco na perspectiva de prosperidade e não na distribuição de "culpas". Stakeholders buscam rentabilidade nos investimentos e benefícios voltados a resultados sócio-econômicos palpáveis. Não se arriscam com "iniciativas" e "metas" ambientais ambiciosas, baseadas no proselitismo.
O sequestro da obviedade pelo viés
O monitoramento de emissões por países alinhados ao Compromisso de Paris, mensura aquilo que seus variados vieses querem focar, e omite o que ninguém pretende ver: a quantidade insignificante dos resultados até aqui apresentados, ante os processos e eventos climáticos ocorrentes de fato no Planeta Terra. As justificativas inseridas nos relatórios, plenos de boas intenções e vazios de concretude, geram o que chamo de "mudanças climáticas de biquini": o que mostram é sugestivo, o que escondem é essencial. 1
É risível a insistência em afirmar o fenômeno das "mudanças climáticas"... em um planeta cujo clima se altera, continuadamente, há bilhões de anos. Com efeito, é dever da governança prever, prevenir, adaptar e contruir resiliência face aos eventos climáticos. Mas o que o climatismo prega... é conformar a governança a um sistema de "mitigação", devida, a ser compensada com "penitência" e "indulgências" por países e suas economias, ante as alterações globais do clima.
Ora, as civilizações pré-colombianas faziam sacrifícios humanos para resolver as alterações climáticas que sofriam... em especial os longos períodos de seca, o mesmo ocorrendo na Europa medieval - onde penitências e indulgências eram cobradas pela igreja, enquanto as invasões dos vickings - que chegaram até à eurásia, mostravam uma civilização em fuga de um período de glaciação que atingia o hemisfério norte.
Sequer inédita, portanto, é a ideia contida na Carta de Paris - tanto na forma indulgente como na pretensão de "controlar a temperatura do planeta" mediante sacrifícios e mitigações globais.
A relação custo-benefício é onerosa e complexa. Baseia-se em vínculos sugeridos face a eventos computados secularmente, num planeta que ainda começa a ser cientificamente pesquisado e abordado em escalas de bilhões de anos. Se os próprios meteorologistas sofrem com a introdução do vernáculo "mudanças climáticas", na sua importante área de expertise, o que se dirá do proselitismo antropocêntrico na estatigrafia, na geofísica e na astrofísica? 2
Hora de resgatar a razão
A insistência em dispender recursos e investimentos, em relatórios enviesados e extensos, bem como em processos de busca de tecnologias de caráter mitigatório, não parece razoável ante a grande necessidade dos países criarem estruturas de prevenção, adaptação e resiliência, na defesa da população e das economias, face a eventos climáticos.
De fato, o clima demanda infraestrutura, monitoramento, planejamento, contingência e operações de defesa civil organizadas, que devem ser tecnicamente abordadas, sem qualquer viés político. Relacionados a fatores geográficos e disposições de ocupação humana.
Prevenção, contingência, adaptação e resiliência, constituem elementos essenciais de governança humana em relação ao clima do planeta. Auxiliam comunidades no ajuste e preparo, face aos impactos inevitáveis. Orientam a redução da poluição, decorrente da atividade antrópica. Requerem compreensão do impacto humano no regime de chuvas, na transmissão de fuligem pelas bacias aéreas, no desmate e incêndios no período de seca, na reservação de água, controle de enchentes e manutenção do abastecimento nos períodos de chuva e estiagem.
Esses mesmos elementos de governança mensuram e previnem o impacto decorrente da ocupação humana nas áreas de alagamento e deslizamento - bem como sua interferência nos mananciais e no regime hidrológico, nos microclimas urbanos e rurais. 3
Essas questões, contudo, se perdem no debate insistente em prol de uma mitigação contínua, com custos concentrados na redução global de emissões decorrentes do uso de combustíveis fósseis - causando restrições e deseconomias, conflitos de uso do solo, judicialização e interferências identitárias.
Trump deixou isso claro no embate com o governo da Califórnia e a Prefeita de Los Angeles, ao visitar o local da tragédia dos incêndios ocorridos no período Biden - e que ainda se propagam na atual gestão. Ante a atitude autoritária dos democratas que ali governam, de fazer a população "esperar pela medidas governamentais" relativas à reocupação das propriedades e reconstrução das áreas atingidas - Trump foi direto: "não esperem pelo governo, ajam como cidadãos, ocupem suas casas, limpem as ruas, reconstruam suas propriedades, exerçam sua força de iniciatia!"
A ação deve vencer o proselitismo que encobre o autoritarismo e o dirigismo ideológico oficial. Com efeito, a propalada atenção do duvidoso "balanço global", às tragédias locais, serve apenas para propagandear a insistência globalista no domínio de um quadro geopolítico enviesado.
Armadilha geopolítica
A decisão dos EUA de sair do acordo tem efeito estratégico. Está focada no combate ao viés nocivo do globalismo, introduzido no debate climático. Visa desarmar a armadilha destinada a encapsular a economia ocidental na esfera de atribuições comandadas por burocratas instalados em organismos multilaterais - que atendem tão somente aos interesses do grupo econômico globalista e à geopolítica eurocêntrica. Esse mecanismo destrói soberanias nacionais e a própria vontade soberana popular instituída nos países.
Em várias ocasões, desde os anos 1990, expressei minha visão cética sobre Quioto e o Acordo de Paris. Nominei o Acordo de Paris como "termostato de papel". Com efeito, pretender limitar o aumento da temperatura global a dois graus Celsius, em cem anos, é usar da figura de ficção e ignorar que fatores antrópicos dificilmente controlariam o processo. O termo "combate às mudanças climáticas", já denuncia a armadilha neurolinguística, que engaja cidadãos e instituições num beco sem sem saída e sem volta.4
Essa visão é científica é compartilhada por cientistas e instituições sérias, que não se deixam levar por posições políticas e, a cada dia, constatam a ineficácia das medidas de mitigação "consensuadas" no Acordo de Paris 5.
A adaptação e a resiliência devem ser priorizadas, com base em dados climáticos realistas, buscando a compreensão integrada do fenômeno, não a "culpa" e a "indulgência" ideológicas - compreendidas no "consenso" em que se baseia a estratégia da ONU - claramente focado na mitigação e compensação.
Assim como a ideologia "woke" começa a arrefecer, os parâmetros de governança e sustentabilidade buscam se libertar das agendas radicais - plenas de custos e lotadas de burocracia. A gestão do clima precisa retomar o compromisso com a razão, e se livrar do ativismo vazio - que até agora só granjeou tragédias e gerou deseconomia.
Que o dominó gerado pelos Estados Unidos acorde outras nações e players desse pesadelo.
Notas:
1- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, "MUDANÇAS CLIMÁTICAS DE BIQUÍNI - O maior inimigo do IPCC - Painel Intergovernamental Para Mudanças Climáticas é a soberba ...e a tentação de se tornar 'fashion' ", in Blog "The Eagle View", visto em 24jan2025, in http://www.theeagleview.com.br/2014/04/mudancas-climaticas-de-biquini.html
2- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, "PERÍODO ANTROPOCENO ? SERIAM OS HUMANOS DEUSES OU DINOSSAUROS? - Por mais que possamos impactar a geomorfologia do planeta, ainda somos fruto das circunstâncias geológicas e climáticas e, não, protagonistas determinantes", in Blog "TheEagleView", visto em 24jan2025, in https://www.theeagleview.com.br/2013/02/periodo-antropoceno-seriam-os-humanos.html
3- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, "GESTÃO DO CLIMA PELA BASE - Somos peça chave na Convenção do Clima. Por isso devemos mudar nossa postura", in Blog "The Eagle View", visto em 24jan2025, in https://www.theeagleview.com.br/2023/03/o-clima-pela-base.html
4- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, "MUDANÇAS CLIMÁTICAS: O ACORDO 'TERMOSTATO' DE PARIS - A 'Diplomacia do Termostato' do Acordo de Paris não resolve o problema crucial da mudança do clima no planeta", in Blog "The Eagle View", visto em 18Jan2025, in https://www.theeagleview.com.br/2015/12/mudancas-climaticas-o-acordo-termostato.html
5- Vale citar: Molion, LC ("Clima Global e Efeito Estufa" - Blog The Eagle View - 2024), Lindzen, Richard ("A review of climate sensitivity and the impact of long-term CO2 emission" - International Journal of Climate Change Strategies and Management - 2017), Happer, W. ("The Truth About Climate Change" - Wall Street Journal - 2019), Dyson, Freeman ("Can we delay a global catastrophe?" - New York Review of Book - 2008), Christy, J. R., & McNider, R. T. ("Local and large-scale temperature trends: A comparison of the rural and urban effects" - Climate of the Past - 2017), Giaever, Ivar ("Global warming: A physicist's perspective." - Nobel Lecture - 2012), entre muitos outros...
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Exerceu o cargo pioneiro de Secretário Executivo de Mudanças Climáticas do Município de São Paulo, de junho de 2021 a julho de 2023. Sócio fundador do escritório Pinheiro Pedro Advogados, é diretor da AICA - Agência de Inteligência Corporativa e Ambiental. Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa - API. Foi o 1o. presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB/SP, presidente da Câmara Técnica de Legislação do CEBDS, presidente do Comitê de Meio Ambiente da AMCHAM, coordenador da equipe encarregada de elaborar o substitutivo do PL, no mandato do Relator - Dep. Mendes Thame, que resultou na Lei de Política Nacional de Mudanças Climáticas, consultor do governo brasileiro, do Banco Mundial, da ONU e vários outros organismos encarregados de aperfeiçoar o arcabouço legal e institucional do Estado no Brasil. Foi Secretário do Verde e do Meio Ambiente da Cidade de São Paulo (Gestão Régis de Oliveira - 2000). É Coordenador do Centro de Estudos Estratégicos do Think Tank Instituto Iniciativa DEX, Conselheiro do Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política da FIESP, Presidente da Associação Universidade da Água - UNIÁGUA, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
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