Em meio ao desgoverno ambiental, as péssimas gestões dos três poderes da República forjam um factóide que pactua o óbvio
1. Falta de comprometimento real, ou ausência de compromisso efetivo por parte dos diferentes poderes, levando a uma execução ineficaz das medidas propostas.2. Conflitos de interesse, especialmente entre o governo e setores econômicos, face à necessária exploração de recursos naturais, mal fiscalizada ou desproporcionalmente obstruída, por conta de gestões reativas implementadas a título de proteção ambiental.3. Burocracia e lentidão, decorrente da falta de articulação entre diferentes esferas de governo - que resulta historicamente em processos burocráticos lentos e judicialização; fenômeno responsável pelo atraso e indefinição na tomada de decisões e execução de ações necessárias.4. Dificuldades de integração e comunicação por conhecida falta de um sistema eficaz de comunicação e integração entre os poderes; fato que gera contínua desarticulação nos esforços e compartilhamento de informações.5. Recursos limitados, devido à falta de alocação de recursos financeiros e humanos adequados para implementar as ações previstas no pacto - problema real que compromete sua efetividade e alcance.6. Falta de monitoramento e avaliação, por evidente ausência de indicadores claros e mecanismos concretos para monitorar e avaliar o progresso do pactuado; daí porque será difícil identificar falhas e necessidade de ajustes nas políticas e ações anunciadas.
1. Aumento do desmatamento na Amazônia e em outros biomas, decorrentes justamente pela ineficácia das políticas de combate até aqui adotadas.2. Conflitos setoriais evidentes entre posicionamentos políticos do governo e demandas dos setores agrícolas e industriais, dentre eles a "redemarcação" de áreas indígenas e rediscussão do marco legal, conflitos de entendimento legal sobre autorizações de exploração nos biomas do pantanal e amazônia, nenhum avanço na política de recursos hídricos e absoluta inação na implementação de um sistema integrado de prevenção a desastres naturais.3. Infraestrutura e projetos controversos, como a eterna indefinição na implementação de estradas, hidrelétricas, hidrovias, portos, estações de geração de energia renovável e linhas de transmissão, originando conflitos na avaliação de impactos, licenciamento ambiental e confrontos com demandas locais comunitárias, fatalmente judicializados.4. Falta de recursos e fiscalização, por não haver sequer previsão de investimentos suficientes no sistema de fiscalização ambiental e licenciamento. Não por outro motivo, o governo enfrentou desde o início de seu mandato, uma sucessão de greves no IBAMA e ICMBio, praticamente destruindo a já precária estrutura de monitoramento e controle de atividades ilegais, como desmatamento, mineração e exploração madeireira.5. Falta de políticas consistentes, decorrentes do excesso de proselitismo, diretamente proporcional à ausência de um planejamento estratégico, coeso e transparente, que articule as diversas iniciativas ambientais, hoje claramente desarticuladas e, portanto, ineficazes.6. Desafios na articulação política interna, por evidente conflito de interesses entre o biocentrismo crônico do Ministério do Meio Ambiente e demais ministérios de causas identitárias e sociais... com o setor de gestão da economia e da infraestrutura. Nesse campo, as gestões petistas sempre empurraram os problemas para adiante, aguardando que algum evento desastroso demandasse uma atitude reativa que pusesse fim ao conflito.
Esses pontos destacam a complexidade dos desafios que o governo Lula enfrenta no contexto atual.
De fato, a falta de governança ambiental no atual governo tem gerado preocupações, a ponto de tornar a relativizar a soberania nacional sobre o bioma amazônico.
1. Fragmentação da governança ambiental, afetada pela fragmentação de políticas públicas, ocasionada pela descoordenação entre diferentes setores e ministérios, dificultando a implementação de estratégias integradas e eficazes.2. Indefinição de prioridades, acarretando a inevitável priorização de interesses econômicos reativos, sem a devida sustentabilidade ambiental. O conflito não raro leva à impressão de conivência com atividades que prejudicam ecossistemas e comunidades locais.3. Redução da autonomia dos órgãos ambientais, com intervenções que reduzem a autonomia de órgãos reguladores e de fiscalização.4. Baixa transparência e participação social, não raro substituída pelo assembleísmo e atendimento a demandas ocasionais precedidas de manifestações barulhentas. Por óbvio que a governança ambiental requer transparência e participação da sociedade civil - porém, essa integração deve ocorrer de forma transparente, eficiente, disciplinada, com diálogo e accountability. Nesse sentido, não raro a militância acaba prejudicando a confiança nas decisões governamentais.5. Recursos insuficientes e a falta de investimento nos órgãos ambientais, compromete a capacidade de atuação efetiva.6. Desconsideração do conhecimento local, substituído por uma idealização conformada ideologicamente. Sintoma típico do biocentrismo que contamina ativistas inseridos nos três poderes da Nação.
Nesse campo, a gestão de Marina Silva no atual governo, vem enfrentado críticas e revelando claras falhas. A saber:
1. Combate ao desmatamento ineficiente e ineficaz;2. Conflitos de interesses econômicos e ambientais, que frequentemente resultam em concessões que comprometem as ações de preservação e desmoralizam o discurso da ministra.3. Burocracia excessiva, retroalimentada com o atropelo de novas regulamentações, que geram ainda mais burocracia, atormentando setores sensíveis e dificultando a própria execução de projetos sustentáveis.4. Pressão setorial de setores industriais e agropecuários, face à indefinição de políticas importantes, como por exemplo a disputa entre eletrificação de frotas, em claro conflito com o estsímulo ao uso de biocombustíveis, ou o interesse na exploração de petróleo no Norte do País, em conflito com o zoneamento ecológico e a agenda climática adotada pelo país sem qualquer salvaguarda à própria soberania.5. Limitação de recursos para órgãos ambientais, estão prejudicando a fiscalização e o controle territorial - em grande parte por não haver uma estratégia clara, evidente, sólida e planejada, por parte do Ministério.
Esses pontos refletem os desafios significativos que Marina Silva enfrenta, sem no entanto, ter a humildade de reagir proativamente, no contexto complexo de enfrentamento a deseastres sem precedentes no sul do país, no litoral do sudeste, no pantanal e região amazônica.
Somado a todo esse problema, a inatividade do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no atual governo tem gerado diversas deseconomias e contribuído para o aumento dos danos ambientais e à própria saúde pública.
As deseconomias vêm afetando os investimentos estrangeiros, a imagem do Brasil no exterior, a gestão de multas e compensações com redução de receita.
Deseconomias evidenciam a importância de uma governança ativa e eficaz, que não se resolve com festejos palacianos e troca de afagos em tons aveludados entre personagens desprovidas de brilho por integrarem uma geração de dirigentes a ser esquecida pela história.
Para restabelecer e fortalecer a governança ambiental no atual governo brasileiro, deveriam ser adotadas medidas urgentes, tais como:
1. Fortalecimento administrativo e operacional do IBAMA - concentrando recursos, reformulando sua estrutura operacional, reciclando os quadros e contratando mais servidores. Há necessidade de investimento imediato em tecnologia para fiscalização e monitoramento ambiental, assegurando a efetividade das suas funções.2. Desenvolvimento de políticas integradas, com a edição de um plano estratégico de governança ambiental que una diferentes ministérios e setores, promovendo a articulação entre políticas de meio ambiente, clima, desenvolvimento econômico e social.3. Aumento da transparência e participação social, com mecanismos que garantam a transparência nas decisões ambientais e participação da sociedade civil e especialistas, nas discussões sobre políticas públicas, sem "assembleísmos".4. Reforço nas ações de combate ao desmatamento, com campanhas e ações específicas - operações de fiscalização e a aplicação rigorosa de multas e penalidades para infratores, precedidas do devido planejamento, ação de inteligência e integração de forças de segurança. Parece óbvio, e parece que já ocorre... no entanto, o que se vê, é reação teatral, não estrutural.5. Promoção real de educação ambiental, com investimentos em programas de educação e conscientização que atendam aos anseios da sociedade, incentivando práticas sustentáveis, prestigiando a técnica e a criatividade, seja nas comunidades, seja nas atividades econômicas.
6. Mudança radical na forma de governança do gabinete, com a instalação de uma sala de situação, um grupo operacional de gabinete integrado ao CEMADEN - Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais e CENSIPAN - Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia - para o planejamento de ações estratégicas. Ou seja, menos discurso, mais ação.
Tudo isso pode ajudar a criar um ambiente mais sustentável, com uma governança ambiental que funcione de maneira eficaz e articulada, contribuindo para a preservação dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentável no Brasil.
Gostei muito da explanação dos problemas gerados por este governo e seus comandados e das possíveis ações que poderiam fornecer ao nosso Brasil grandes soluções.
ResponderExcluirObrigado
ExcluirParabéns, Dr. Antonio
ResponderExcluirExcelente explanação, muito precisa e explicativa. Sou do setor agrícola e sempre defendi que a agricultura é um forte fator para o desenvolvimento econômico. O que o café e a laranja fizeram (lá no passado por SP), a soja, o milho, o boi como fez pelo Centro Oeste... podem fazer pelo Nordeste (MATOPIBA) e no Norte
Mas para isso precisa da regularização fundiária, efetividade do código florestal, entre outros... Será que algum dia os três Poderes vão de fato querer resolver isso?