CARTA AO PRESIDENTE

Quem se omite diante de abusos e ilegalidades, também comete crime....

Sr Presidente Jair Bolsonaro, 

Ouso lembrá-lo de que o patriotismo e a admiração à Bandeira sempre estiveram presentes na mente e no coração da parte do povo que, em 2013, abraçada às cores nacionais, de forma veemente e espontânea, foi às ruas para protestar contra a corrupção que ainda toma conta da política e dos políticos brasileiros. 

O povo de bem, atento e disposto a cumprir o seu papel, voltou a acreditar em si mesmo, mudou de atitude e passou a exigir o respeito dos seus governantes e dos seus representantes, consciente de que não bastaria ganhar a eleição de 2018 para vencer o "sistema". Para isto, seria preciso paciência, tolerância, competência administrativa, planejamento, sensibilidade política, responsabilidade social e rigoroso combate à corrupção. 

Desprezar e acabar com a Lava-jato, o mais poderoso instrumento de luta contra os corruPTos, foi uma decisão equivocada que deu início à pavimentação do caminho de volta dos mais destacados operadores do patrimonialismo e da corrupção. dentre eles Luiz Inácio Lula da Silva, o chefe de quadrilha que pela vontade do povo iludido já havia ocupado, por 8 anos, o cargo máximo do Poder Executivo.

 Sr Presidente, o Sr sabe que decisões não são difíceis de serem tomadas por quem sabe escolher seus assessores e os escuta e respeita. Quem só tem ouvidos para os que por obsequioso interesse apenas o agradam não está prepardo para ser líder de uma nação porque, invariavelmente, decide mal e tem dificuldade para suportar as consequências dos seus equivocos, excessos, receios e omissões.

As leis, Presidente, realmente não têm sido respeitadas no Brasil. Isto, de fato, é vergonhoso, mas as suas causas serão encontradas justamente no mau comportamento dos três Poderes republicanos, com destaque para a ousadia do Judiciário, para a conivência e para o oportunismo do Legislativo e para covardia e a omissão do Executivo. 

Quem se omite diante de abusos e de ilegalidades, tendo poder e dever constitucional para coibi-los, também comete crimes.

A era pós moral que sucedeu o Regime Militar se tem caracterizado pela falta de coragem e de caráter da classe política, sendo o desapego, o desprendimento e a desambição pessoal predicados só praticados na retórica dos palanques eleitorais.

 É comum, Presidente, vermos políticos e governantes que, depois de eleitos, acabam por incorporar-se ao "sistema" para não enfrentar os riscos inerentes ao cumprimento dos compromissos assumidos junto ao eleitorado.

No Brasil, não tem sido difícil trazer o passado de volta, afinal, a cada passo dado a frente, damos muitos para trás, o que torna difícil encontrar respostas para as perguntas: O que foi que aconteceu? Onde foi que nós erramos? Como foi que chegamos a esse ponto? 

Nunca é tarde para acordar, conhecer a verdade e aprender com os erros cometidos. Difícil mesmo tem sido não repeti-los!

Para aqueles que realmente creem, como o Sr, é fácil encontrar inspiração na Divindade, basta voltar os olhos para um crucifixo e enxergar nele a melhor, mais profunda e mais sofrida lição de compromisso com a palavra dada!

Mas, se isto não bastar, ainda temos outros exemplos de coerência e determinação, como o de Siqueira Campos, no episódio dos 18 do Forte - "À pátria tudo se deve dar e nada pedir, nem mesmo compreensão" -, ou como o de Leovigildo de Paiva, na Campanha do Contestado - "No serviço da Pátria, o sacrifício é um gozo-, ou ainda o de Antônio João Ribeiro, na Colônia Militar dos Dourados - "Sei que morro, mas o meu sangue e o dos meus companheiros servirão de protesto solene contra a invasão do solo da minha pátria".

São exemplos de compromisso com a palavra dada, que colocam o Brasil acima de tudo e de todos e que não são simples "narrativas", são atos e fatos!

Nenhum dos citados Presidente, queixou-se de ter raros momentos de alegria ou de férias. Fizeram com orgulho e determinação o que tinha que ser feito, mesmo que isto lhes pudesse custar a própria vida!

Vencer desafios e deixar o Brasil pronto para dar saltos a frente são obrigações e não opções de quem se dispõe a governá-lo. O Povo brasileiro já foi às ruas para tirar do poder o PT e uma Governanta inépta, logrou êxito e poderá fazê-lo tantas vezes quantas forem necessárias, tenha ele elegido quem quer que seja, porque a nobreza de caráter e a inteligência são demonstrados quando o Povo decide corrigir os erros cometidos.

O Brasil NUNCA "estará" no comunismo, Presidente, porque isto só aconteceria se e quando as FA o permitissem!

Enquanto houver democracia a VITÓRIA será sempre do Povo.

O exame de consciência e a autocrítica de cada um e de Vossa Excelência, Presidente, devem contemplar o que não foi feito e o que foi feito para que tenhamos, pela terceira vez, o mesmo ladrão na Presidência da República. 

No entanto, se da análise do CÓDIGO FONTE da apuração da eleição chegar-se a provas de que houve fraude, novas eleições serão convocadas pelo Presidente da Câmara dos Deputados, porque nada nem ninguém pode parar o Brasil ou tirá-lo dos trilhos da democracia!  

De qualquer forma, se Deus quiser e se os brasileiros passarem a errar menos nas suas escolhas, TUDO ACABARÁ BEM!

General Paulo Chagas

Paulo Chagas é General da Reserva do Exército Brasileiro.