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quarta-feira, 9 de novembro de 2022

O CHOQUE DO ESPELHO - ELEIÇÕES NOS EUA REVELAM A DISTORÇÃO NO BRASIL


Por Antonio  Fernando Pinheiro Pedro


O exemplo norte americano expôs a enorme distorção neurolinguística que agora sofremos no Brasil - sintoma do crescente autoritarismo judiciário.

A neurolinguística identifica os sintomas da distorção cognitiva, por meio da qual a pluralidade democrática sucumbe no mar dos consensos da mediocridade totalitária.

Hoje, contestar o regime é "praticar ato antidemocrático", da mesma forma que antes denominava-se a contestação como "subversão". Assim, "contestar" - algo natural em qualquer democracia, passa a ser visto como ato criminoso.

O "duplipensar" orwelliano se revela na questão das "incriticáveis" urnas eletrônicas, cujo mecanismo lotado de bugs foi simplesmente destruído pelo relatório do Ministério da Defesa, que afirmou categoricamente que "não estão isentas de um eventual código malicioso que possa alterar seu funcionamento". Porém, afirmar o problema é contestar a verdade...

Mas a distorção é apanágio de algo mais grave ainda: a morte da democracia por meio da desumanização do sistema eleitoral. 

Essa distorção tornou-se cristalina com a comparação pública entre as eleições no Brasil - "higienizadas" e "judicializadas" a ponto de não poderem ser contestadas sem que o contestador se sujeite a uma sanção... e as eleições norte-americanas, ocorrentes e apuradas inteiramente no "poluído" ambiente civil, acompanhadas livremente, cidade a cidade, urna a urna, e livremente analisadas, contestadas e defendidas.

Nos EUA as urnas são contadas uma a uma, e os resultados aparecem no devido tempo, expostos por condado e por estado, na medida das apurações. 


Os resultados podem e até devem ser contestados e, não raro,  se processam recontagens, decididas pela junta eleitoral de imediato ou, no extremo, determinadas por uma côrte judicial do estado.

Imprensa, fiscais dos partidos e população seguem o cômputo dos votos no clima da disputa.

No Brasil... a ação monolítica dos aiatolás de toga... destruiu a festa. Senão vejamos: 

Agora, por conta do sistema de votação imposto no Brasil: 

1- não há contagem e, sim  coleta de resultados eletronivamente registrados por urna. Esse resultado coletado é transmitido a uma central  dentro de um processo controlado da base à proclamação por um órgão de tutela judicial. Não há juntas, há uma sucessão de togas;
2- por conta do processo a regionalização da apuração torna-se difusa e... o comportamento eleitoral só pode ser aferido "a posteriori" - praticamente obstruindo a cobertura da imprensa e a fiscalização das bases partidárias;
3- NÃO HÁ RECONTAGEM. O que há é auditoria de um processo, pois os votos foram mergulhados na memória da máquina e a totalização emitida una única vez. Com isso, só há duas saídas: confirmar o resultado dado ou impugnar toda a urna e eliminar a unidade do cômputo geral;
4- Esse sistema é judicializado de ponta a ponta - portanto, todo o processo político e democrático de eleição, apuração, contestação e eventual recontagem... torna-se uma contenda judicial;
5- Posto isso... ao contrário do que se vê nos EUA... o eleitor, o  órgão partidário, o candidato e a imprensa... permanecem de joelhos ante um "Oráculo de Delfos" que interpreta qualquer contestação aos resultados como um crime;

Sem a oxigenação da liberdade de manifestações... o sistrma apodrece. Assim, o quadro malcheiroso, que hoje emana do ambiente eleitoral "climatizado" no Brasil, destrói a pluralidade de opiniões, impõe censura a manifestações e criminaliza a democracia.

O sistema eleitoral, hoje,  fenece ante um judiciário amparado num cibersistema nem um pouco transparente.

Hora de acordarmos... antes que o "sono profundo" e "politicamente correto",  nos seja deliberadamente determinado...




Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado, consultor ambiental e jornalista. Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa - API. 

Um comentário:

  1. brilhante e preocupante interpretação da realidade que vivemos dependentes desinteressei dos que compõem o STF.

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