Bajular nada acrescenta. Oposição sistemática gera descrédito. A lealdade está no apoio crítico.
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Poder visto por outra perspectiva |
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Eu apoiei Bolsonaro nas eleições de 2018 e participei da transição ativamente. Cumpri minha missão de livrar o Brasil do desastre lulopetista.
Fui cogitado, é fato, para integrar o governo. Posso testemunhar que na equipe prestes a se instalar, havia um impressionante somatório de bons propósitos.
Com o governo empossado, fiz positiva interlocução e cheguei a defender firmemente o presidente e seus ministros - em especial o Ministro Salles - a quem apoiei com notas técnicas e troca de impressões em vários momentos, no primeiro ano de gestão.
O ano de 2019 transcorreu com manifestações críticas, ás vezes duras, mas também elogiosas, de minha parte, num quadro geral de apoio a Bolsonaro.
O ano de 2020, porém, foi o ano da verdade.
Em 2019, havia identificado disfunções na presidência e anotado divergências na gestão ambiental.
Em 2020, diagnostiquei que o governo sofria uma "Síndrome de Janus": mantinha dois rostos na mesma cabeça.*
A partir dessa constatação, decidi fornecer um apoio seletivo ao governo, segregando o próprio Presidente Bolsonaro e adotando uma postura distanciada de sua Gestão Ambiental - minha área de concentração.
Desde então, diviso claramente, no governo, o que apoio e o que critico.
Passei a dirigir duras - porém fundadas críticas, à política governamental do ministério do meio ambiente - buscando não envolver, nelas, minha relação de amizade com o Ministro Salles. Quanto ao Presidente, não escondo a decepção pessoal.
Minha tolerância com o presidente e suas idiossincrasias, hoje, é zero! Principalmente após o início da pandemia, quando revelou-se o sistemático descaso do dirigente para com a vida humana.
A usurpação da bandeira do conservadorismo pelo populismo rastaquera dos bolsonaristas é imperdoável.
Não tolero, nunca tolerei... e combato o bolsonarismo, porque vislumbro nele um protofascismo - verdadeira semente do mal. Em nada o gado bolsonarista difere daquele lulopetista, que tanto trabalho deu para afastarmos do poder. Aliás, populismo é populismo - catártico, ilusório e trágico, esteja inserido onde estiver na história política mundial.
Apoio, no entanto, a gestão estruturante do governo. Mantenho meu apoio ao Vice- Presidente Mourão, aos ministros da Casa Civil, Assuntos Estratégicos, Defesa e Governo, que no Palácio do Planalto lutam bravamente para manter a governança do país.
Apoio firmemente a Ministra Tereza Cristina, da Agricultura e o Ministro Tarcísio, da Infraestrutura, bem como vários outros bons quadros da República, que fazem ótimo trabalho. São eles que mantém a máquina em curso.
É um erro generalizar, seja na oposição, seja no apoio.
Por óbvio, bolsonaristas são incapazes de compreender minha posição - pois compõem uma horda que pratica o alinhamento automático. Não pensa, não raciocina - só reproduz o que a "seita", o "gabinete do ódio" lhe fornece.
Francamente, debater com bolsonaristas é perda de tempo... Mas sei que neste campo, ainda há muita gente boa a ser pescada para o campo crítico, propositivo. Gente que uma hora ou outra sairá do transe hipnótico para lidar com a dura realidade.
Essa transição, essa possibilidade, forma o grande mérito da democracia. Por isso a minha dedicação incansável ao debate franco, crítico, aberto e propositivo. Porque isso é lealdade, é patriotismo, é cidadania.
É assim que devemos ajudar a governança da Pátria.
Decididamente, bajular não é apoio, não é ajuda.
Bajular nada acrescenta, da mesma forma que a oposição sistemática só gera descrédito. No entanto, entre esses dois polos estéreis... há um enorme leque de oportunidades de produzimos bom conteúdo.
A lealdade está no apoio crítico.
Por aí, eu sigo. E convido os amigos a também seguirem.
Assim, apoiaremos de fato o Brasil.
Nota:
*PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro Pedro - "A Síndrome de Janus no Governo Bolsonaro", in Blog The Eagle View, in https://www.theeagleview.com.br/2020/04/a-sindrome-de-janus-no-governo-bolsonaro.html
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