Acuse os outros do que você é...
Por Marilene Nunes (*)
“Os homens
são bons de um modo apenas, porém são maus de muitos modos.”
(Aristóteles
em Ética a Nicomaco, ano 334 a.C.)
Nos primeiros dias do segundo turno da eleição presidencial pulularam nas
mídias sociais e tradicionais dezenas de supostos casos de agressões, em várias
partes do país, contra minorias negras, homossexuais e mulheres; além de várias
pichações com símbolos nazistas e palavras depreciativas com discursos
xenófobos, homofóbicos e misóginos, todas essas práticas atribuídas aos
eleitores do presidenciável Jair Bolsonaro. Atribuição bradada pela grande
imprensa e mídias ligadas ao partido do candidato de oposição Fernando Haddad.
De imediato, ao refletir sobre o contexto desses eventos, algumas
questões vem a tona de modo a colocar em suspeição a veracidade dos mesmos, tais
como: (1) Porque a suposta violência associada aos eleitores de Bolsonaro passou
a eclodir somente agora, no segundo turno, quando, de acordo com as pesquisas
exibidas pelas mídias, tal candidato conta com elevada vantagem em relação ao seu
concorrente? (2) Se os eleitores de Bolsonaro não lincharam o criminoso que
tentou assassiná-lo, entregando-o à justiça ileso, porque agora estariam
cometendo toda a sorte de truculência contra minorias, sem a menor razão?
A resposta é evidente: isso não faz nenhum sentido!
Porém os eventos
estão acontecendo e sendo fartamente divulgados pelas mídias tradicionais: se por
um lado, a lógica nos diz que não faz sentido eleitores de Bolsonaro estarem
envolvidos nesses episódios, por outro, informa que alguém está deliberadamente
promovendo os ataques para que outros sejam apontados como culpados.
Ora, essa
tática política não é nova e conta com ampla documentação histórica quanto ao
seu uso no marketing político, principalmente quando se trata de tática
militar. Estou falando da técnica militar e política denominada de Operação False Flag, ou seja, Operação “Bandeira
Falsa”.
Oriundo do século XVII, historicamente o termo False Flag se refere à prática da pirataria comum: enganar e
saquear navios, bem como fazer a pilhagem de mercadorias. Ou seja, durante um
ataque os navios piratas usavam bandeiras de países como modo de disfarçar sua
verdadeira identidade e, assim, impedir que suas vítimas fugissem ou se
preparassem para a defesa. Às vezes a bandeira permanecia e o ataque era creditado
injustamente a um país.
Atualmente, o termo se ampliou para incluir países que organizam ataques
a si mesmos e fazem com que estes pareçam ser de autoria de nações inimigas ou
terroristas, dando à nação supostamente um pretexto para deflagrar medidas
repressivas domésticas ou partir para uma agressão militar estrangeira.
![]() |
| Igreja pichada com suásticas... em verdade produzidas por militante esquerdistas |
Conceitualmente, o termo False Flag
está relacionado às operações conduzidas por governos, corporações, outras
organizações ou, até mesmo, por indivíduos. Aparentam ser realizadas pelo
inimigo de modo a tirar partido das consequências resultantes. Sempre tem
caráter secreto e objetiva: enganar! O engano possibilita a aparência de que,
outro grupo, indivíduo ou governo seja, o responsável por alguma atividade, de
forma a disfarçar a verdadeira autoria; trata-se de uma tática militar que visa
utilizar bandeiras do inimigo.
As Operações de Bandeira Falsa já foram realizadas, tanto em tempos de
guerra, como em tempos de paz. As operações praticadas em tempos de paz por
organizações civis, bem como agências governamentais secretas podem, por
extensão, também ser chamadas de operações de bandeira falsa desde que busquem esconder
a verdadeira organização por trás de uma operação. De acordo com os achados, o False Flag não tem nada a ver com a teoria
da conspiração. Na realidade o que existe de concreto é uma farta documentação
sobre seu uso como operação de guerra ou tática política.
Embora as Operações de Bandeira Falsa tenham origem na guerra e no
governo, também podem ocorrer em contextos civis entre facções, como empresas,
grupos de interesses especiais, religiões, ideologias políticas e campanhas
políticas.
Uma das operações False Flag mais
famosa foi a perpetrada pelo National-Sozialistische
Deutsche Arbeiter Partei-NSDAP[2],
partido nazista de Hitler, no caso do incêndio criminoso do Reichstag em
Berlim, no dia 27 de fevereiro de 1933. Tal incidente criminoso de autoria
nazista foi usado para comprovar a conspiração dos comunistas contra os alemães
e serviu de pretexto para a elaboração de um decreto de emergência para
combater suposta conspiração. Com as liberdades civis suspensas, o governo
instituiu prisões em massa de comunistas, incluindo todos os delegados
parlamentares comunistas. O resultado foi o esvaziamento dos rivais no
parlamento. Suas cadeiras vazias foram ocupadas pelo Partido
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães que, nas posteriores eleições, passaram
a confirmar sua hegemonia, permitindo a Hitler consolidar seu poder.
Mas ainda existem muitos exemplos de campanhas políticas que se
utilizaram e ainda utilizam as Operações
False Flag como, por exemplo, a simulação de atentados, em suas mais
variadas formas, e mais recentemente o uso da mídia impressa e eletrônica na
produção de fake news.
Um caso recente da aplicação política de “Bandeira Falsa” ocorreu no
processo eleitoral presidencial nos EUA em novembro de 2016. Uma igreja
evangélica frequentada por afro-americanos foi incendiada na cidade de
Greenville, Carolina do Sul. Além disso, simultaneamente os muros da cidade foram
pichados com a inscrição “Vote Trump”. Greenville é reduto do Partido
Democrata. Na ocasião, toda a mídia tradicional amestrada, em pleno processo de
investigação, sem nada apurado, vociferou que os incendiários e pichadores se
tratavam de supremacistas brancos, neonazistas ultraconservadores, e apoiadores
de Trump.
A imprensa e o prefeito de Greenville disseram se tratar de “crime de
ódio”. Algum tempo depois a polícia local prendeu Andrew McClinton, indivíduo
de origem afro-americana, ligado à militância do Partido Democrata, membro da
própria igreja e, que, já havia cumprido oito anos de prisão por outros crimes.
Depois que a autoria foi revelada, o caso sumiu da mídia e nunca mais se ouviu
falar de McClinton, conforme Rossete (2018).
Em outubro de 2018, primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil,
do nada, casos de agressões a gays, mulheres e negros passaram a ser
divulgados, quase que diariamente, pela mídia tradicional e pelas redes
sociais. Pichações da suástica nazista começaram a surgir em igrejas e
banheiros de universidades. Psicólogos e Psicanalistas, declaradamente de
esquerda, deram testemunhos nas redes sociais, de corar Freud e Lacan, de que o
discurso de Bolsonaro seria o responsável por motivar e legitimar o aumento da
violência contra as minorias. Com certeza tratou-se de um teatro orquestrado
para vincular Bolsonaro à pecha de fascista! Ademais, fica evidente que esses
profissionais se burlaram descaradamente e criminosamente do código de conduta
profissional, na medida em que se atreveram a associar os eleitores de
Bolsonaro às supostas agressões sofridas pelos seus pacientes LGBT.
![]() |
| Pichação em banheiro de universidade pretendendo atemorizar usuários LGBT |
A partir daí, desde o primeiro turno, quase que diariamente, os ataques
com agressões verbais e físicas passaram a ser notificados pela imprensa e a
grande mídia eletrônica. Em grande parte dos casos os agressores gritam o nome
de Jair Bolsonaro enquanto cometem seus crimes. Na esmagadora maioria dos casos
tanto as vítimas quanto as únicas testemunhas, estranhamente, são pessoas
ligadas à militância de partidos de esquerda, e nenhum agressor até aqui foi
identificado, depois de ter tornado público o caso, passando a ser silenciado
pela mídia.
Dentre as denúncias mais graves pode-se apontar o assassinato de uma
capoeirista na Bahia, durante uma briga num bar: as testemunhas afirmaram tratar-se
de crime realizado por um eleitor de Bolsonaro. Este, por sua vez, foi preso e
negou que esse tenha sido o motivo do crime. Apesar disso, a campanha do PT já havia
elaborado um vídeo para ir ao ar com a frase “o discurso de Bolsonaro mata!”.
Outro evento ocorreu em Porto Alegre. Uma jovem lulopetista de 19 anos,
ativista lésbica, denunciou ter sido agredida por três eleitores de Bolsonaro
que teriam gravado uma cruz suástica no seu abdômen: tudo a força e com uso de
canivete. Segundo a jovem ela foi abordada por estar vestindo camiseta com a
inscrição “Ele não”. Submetida à perícia, a conclusão do laudo foi de que a
jovem se autoflagelou ou o ferimento foi feito com o consentimento da vítima. Ou
seja, não encontraram qualquer evidência de que ela tenha se defendido. Segundo
o delegado do caso, a jovem será indiciada por falsa comunicação de crime.
É interessante ressaltar que, os mais de 50 casos de agressões “supostamente”
cometidos por eleitores de Bolsonaro, que surgiram como mágica e se espalharam
pela mídia desapareçam rapidamente sem maiores consequências, com exceção dois
últimos. Mas novos casos hão de surgir até o dia 28 de outubro de 2018, já que o
objetivo é gerar medo e pânico, bem como desestabilizar a campanha de Jair
Bolsonaro. Tudo isso indica que o marketing de Fernando Haddad tem se utilizado
do False Flag como tática política: uma
das piores formas de estratégia política imoral e antiética de todos os tempos.
Mediante tais fatos, vale a pena apontar e refletir sobre as palavras de Rossete
(2018) quando afirma que: é preciso lembrar sempre que existem dois tipos de
esquerdistas: os psicopatas viciados em poder, e os idiotas úteis dispostos a
matar, se autoflagelar e a morrer pelos primeiros.
[2] Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães.
Referências Bibliográficas
BRAGA, P. Jovem lésbica
lulopetista gaúcha não foi agredida por bolsonaristas: foi tudo uma farsa política. Disponível em:
Acesso em: 11 out. 2018.
DE HAVEN, S. L. Conspiracy theory in America.
Austin: University Press of Texas, 2013.
ROSSETE, R. False Flag: terrorismo psicológico.
Disponível em: Acesso
em: 24 out. 2018.
TOBIAS, F. The reichstag fire. New
York: Putnam, 1964.




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