Finalmente conseguiram! Destruíram nossa história!
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Museu Nacional queima integralmente no Rio de Janeiro |
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Estado Islâmico, Talibã, Guerra na Síria... não são páreo para o mais caro, corrupto, incompetente, ignorante, irresponsável e desleixado serviço público do mundo, administrado pela burocracia brasileira.
De fato, não foram necessários, canhões, bombas, tanques ou exércitos de fanáticos armados com picaretas, para destruir tesouros arqueológicos, históricos e culturais. Bastou a mais vergonhosa incompetência.
O Museu Nacional - inaugurado por D.João VI há duzentos anos atrás, não resistiu a míseras décadas de desgoverno encetado pelos falastrões da Nova República. Queimou até nada sobrar, à vista de milhões de telespectadores, diante de bombeiros impotentes, pela tarde, noite e madrugada, entre o domingo e a segunda feira.
Nem água havia para os bombeiros combaterem o fogo. Só três vigilantes trabalhavam no prédio, que não tinha sequer alvará da prefeitura.
O Museu estava sob jurisdição da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, cuja autonomia é garantida pela ingovernável Constituição Federal. Essa universidade é dirigida por uma administração esquerdizóide, que pareceu mais dedicada a gastar verba com cursos sobre "golpe", oficinas temáticas de "siririca"... que cuidar de instalar um sistema contra incêndios no museu sob sua guarda.
Um esforçado e dedicado curador, que estava fazendo literalmente milagres na manutenção do acervo do museu, bateu às portas do governo federal, de bancos e empresas... e não conseguiu quem lhe arranjasse meio milhão de reais para por em ordem o mínimo de estrutura dentro do museu. O Ministro da Cultura, o último de uma série de incompletudes... finalmente havia acertado uma operação de apoio financeiro com o BNDES. Porém, entre a aprovação do aporte e a execução dos programas, sobreveio o incêndio.
Essas iniciativas não retiram a responsabilidade criminosa do deep state tupiniquim e dos atores notórios do establishment, pelo estado de abandono do Museu centenário, incinerado pela fogueira das vaidades nacionais.
Um país de trágicas desproporções. O custo de manutenção de todo o museu era menor que o de UM gabinete de um ministro do supremo tribunal federal (assim mesmo- com minúsculas). O museu custava menos que um gabinete de promotoria de justiça de defesa do patrimônio histórico em qualquer capital. Ou seja: os engravatados e togados no plantão dos suntuosos gabinetes, cujos nomes destinam-se ao lixo do esquecimento, no regime político atual, "valem" mais que milhares de anos de história da humanidade encerrados em um museu centenário.
Mas a tragédia das assimetrias não para aí. O museu não recebia o valor necessário para seu custeio básico desde 2014, e nunca recebeu o valor necessário para qualquer reforma.
Essas iniciativas não retiram a responsabilidade criminosa do deep state tupiniquim e dos atores notórios do establishment, pelo estado de abandono do Museu centenário, incinerado pela fogueira das vaidades nacionais.
Um país de trágicas desproporções. O custo de manutenção de todo o museu era menor que o de UM gabinete de um ministro do supremo tribunal federal (assim mesmo- com minúsculas). O museu custava menos que um gabinete de promotoria de justiça de defesa do patrimônio histórico em qualquer capital. Ou seja: os engravatados e togados no plantão dos suntuosos gabinetes, cujos nomes destinam-se ao lixo do esquecimento, no regime político atual, "valem" mais que milhares de anos de história da humanidade encerrados em um museu centenário.
Mas a tragédia das assimetrias não para aí. O museu não recebia o valor necessário para seu custeio básico desde 2014, e nunca recebeu o valor necessário para qualquer reforma.
Decididamente, perdemos todos o juízo. Há dinheiro de sobra para bancar uma exposição de arte transgênero, um festival de baile funk, uma peça de peladões distribuindo dedadas... Mas, não há nenhum interesse em dar dinheiro para manter e proteger o verdadeiro patrimônio histórico, arqueológico e cultural, de interesse mundial.
Há um pano de fundo, nesse incêndio: o preconceito ideológico relativo à compreensão e conservação do patrimônio histórico e cultural. O esquerdismo tacanho que acomete parcela do nosso culturalismo e contamina a manutenção dos nossos museus. Que paradoxalmente justifica a ignorância direitista que não tem olhos para a cultura.
Parece mesmo haver um processo deliberado de destruição da memória nacional. De fato, trata-se do terceiro desastre museológico em menos de dez anos. Com certeza, este foi o mais grave de todos.
Parece mesmo haver um processo deliberado de destruição da memória nacional. De fato, trata-se do terceiro desastre museológico em menos de dez anos. Com certeza, este foi o mais grave de todos.
Não se destrói um patrimônio cultural dessa magnitude sem esforço e dedicação. O incêndio do Museu Nacional não decorreu de forma acidental, foi o resultado de décadas de (des)governo dos que acham que as coisas se resolvem só na base da conversa...
Trata-se de um incêndio que transcende o museu. Atinge mitologicamente toda a nação brasileira, com requintes wagnerianos.
É o gotterdammerung do establishment brasileiro.
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
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