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quinta-feira, 16 de junho de 2016

DEMAGOGIA COM GENTE MORTA


Vivos envolvem nome de defuntas  no viaduto, somente para fazer barulho ...







Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro


Dona Marisa Letícia morreu. Porém, continua viva no coração e na mente dos canalhas.

Em vida, Dna. Marisa era um personagem discreto na trajetória política do marido, Luis Inácio Lula da Silva. Destacava-se apenas pela forma desbocada com que se expressava. 

Mãe e dona de casa, a primeira dama "revelou-se", quando morta, coadjuvante das intrincadas operações imobiliárias imputadas ao esposo.

Essa "elevação de categoria" no mundo patético da judicialização das coisas em que vivemos, deveu-se à estratégia estrambólica adotada pela defesa do viúvo. Ou seja, Dna. Marisa teve seu nome exposto e manchado quando não mais poderia se defender...e por obra de quem primeiro deveria poupá-la, em qualquer circunstância.

Mas como toda canalhice é sinérgica, enxovalhar o nome da falecida implicando-a nos imbróglios processuais do marido não foi suficiente. Correligionários do Partido dos Trabalhadores, ao qual Dona Marisa era fundadora e filiada,  resolveram inadvertidamente propor  projeto de lei para denominar um viaduto paulistano com o seu nome - sem que nenhum mérito tivesse ela para isso. 

Mais uma vez, Dna. Marisa foi usada, depois de morta, como pivô de uma provocação política esquerdista.

O prefeito de São Paulo, João Dória construiu seu eleitorado apresentando-se sempre como opositor do marido da falecida. Porém, com o patrimonio eleitoral em baixa, aproveitou a oportunidade para montar um factóide grosseiro e deseducado, visando inflar sua imagem junto aos haters de plantão. 

Primeiro, Dória permitiu, caladinho, que o projeto de lei denominando o viaduto paulistano como Marisa Letícia fosse aprovado na Câmara Municipal -  parlamento no qual conta com folgada base majoritária. 

O alcaide tucano, então, "viajou" para fora do município, deixando que a aprovação do nome fosse sancionada, no apagar das luzes de 2017, pelo prefeito em exercício - o presidente da Câmara Municipal Milton Leite, do DEM, cujo reduto eleitoral abranje a área do viaduto...

Claro que a reação popular CONTRA a sanção do nome foi imediata, ainda mais pelo anúncio de que haveria "festa de inauguração da placa", agendada pela própria prefeitura em benefício do viúvo - hoje um candidato em campanha explícita à presidência do País. Tudo às custas do contribuinte paulistano...

Festa precipitada e absurda, pois faltam passarelas para pedestres, áreas de escape, sinalização adequada... enfim, tudo o que deveria haver em um viaduto.

Armado o imbróglio na imprensa, o alcaide paulistano retornou à cena de forma retumbante  para, em pleno reveillon, criar o factóide em favor próprio: cancelou a festa da placa, suspendeu a denominação aprovada à obra e propôs novo nome ao viaduto - homenageando a professora Helley, heroína da tragédia da escola em Diamantina-MG.

Ou seja, desfez o alarido articulado com o nome de quem já morreu para urdir novo factóide... com o nome de outra defunta mais ilustre.

O pior é que o alcaide não esclareceu sua audiência, sobre a necessidade de submeter a alteração a outro longo processo legislativo. Ou seja, até lá, se ocorrer a proposta e ela vingar, o nome do viaduto é de Dona Letícia...

As almas devem estar perturbadas com tamanha "consideração" dos vivos à pessoa delas, depois de mortas.

No final, todos ganharam com o festival de manipulação, desrespeito e demagogia... menos as defuntas. 

2018 promete... 🤔










Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa - API. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.





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