Vivos envolvem nome de defuntas no viaduto, somente para fazer barulho ...
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Dona Marisa Letícia morreu. Porém, continua viva no coração e na mente dos canalhas.
Em vida, Dna. Marisa era um personagem discreto na trajetória política do marido, Luis Inácio Lula da Silva. Destacava-se apenas pela forma desbocada com que se expressava.
Mãe e dona de casa, a primeira dama "revelou-se", quando morta, coadjuvante das intrincadas operações imobiliárias imputadas ao esposo.
Essa "elevação de categoria" no mundo patético da judicialização das coisas em que vivemos, deveu-se à estratégia estrambólica adotada pela defesa do viúvo. Ou seja, Dna. Marisa teve seu nome exposto e manchado quando não mais poderia se defender...e por obra de quem primeiro deveria poupá-la, em qualquer circunstância.
Mas como toda canalhice é sinérgica, enxovalhar o nome da falecida implicando-a nos imbróglios processuais do marido não foi suficiente. Correligionários do Partido dos Trabalhadores, ao qual Dona Marisa era fundadora e filiada, resolveram inadvertidamente propor projeto de lei para denominar um viaduto paulistano com o seu nome - sem que nenhum mérito tivesse ela para isso.
Mais uma vez, Dna. Marisa foi usada, depois de morta, como pivô de uma provocação política esquerdista.
O prefeito de São Paulo, João Dória construiu seu eleitorado apresentando-se sempre como opositor do marido da falecida. Porém, com o patrimonio eleitoral em baixa, aproveitou a oportunidade para montar um factóide grosseiro e deseducado, visando inflar sua imagem junto aos haters de plantão.
Primeiro, Dória permitiu, caladinho, que o projeto de lei denominando o viaduto paulistano como Marisa Letícia fosse aprovado na Câmara Municipal - parlamento no qual conta com folgada base majoritária.
O alcaide tucano, então, "viajou" para fora do município, deixando que a aprovação do nome fosse sancionada, no apagar das luzes de 2017, pelo prefeito em exercício - o presidente da Câmara Municipal Milton Leite, do DEM, cujo reduto eleitoral abranje a área do viaduto...
Claro que a reação popular CONTRA a sanção do nome foi imediata, ainda mais pelo anúncio de que haveria "festa de inauguração da placa", agendada pela própria prefeitura em benefício do viúvo - hoje um candidato em campanha explícita à presidência do País. Tudo às custas do contribuinte paulistano...
Festa precipitada e absurda, pois faltam passarelas para pedestres, áreas de escape, sinalização adequada... enfim, tudo o que deveria haver em um viaduto.
Festa precipitada e absurda, pois faltam passarelas para pedestres, áreas de escape, sinalização adequada... enfim, tudo o que deveria haver em um viaduto.
Armado o imbróglio na imprensa, o alcaide paulistano retornou à cena de forma retumbante para, em pleno reveillon, criar o factóide em favor próprio: cancelou a festa da placa, suspendeu a denominação aprovada à obra e propôs novo nome ao viaduto - homenageando a professora Helley, heroína da tragédia da escola em Diamantina-MG.
Ou seja, desfez o alarido articulado com o nome de quem já morreu para urdir novo factóide... com o nome de outra defunta mais ilustre.
O pior é que o alcaide não esclareceu sua audiência, sobre a necessidade de submeter a alteração a outro longo processo legislativo. Ou seja, até lá, se ocorrer a proposta e ela vingar, o nome do viaduto é de Dona Letícia...
O pior é que o alcaide não esclareceu sua audiência, sobre a necessidade de submeter a alteração a outro longo processo legislativo. Ou seja, até lá, se ocorrer a proposta e ela vingar, o nome do viaduto é de Dona Letícia...
As almas devem estar perturbadas com tamanha "consideração" dos vivos à pessoa delas, depois de mortas.
No final, todos ganharam com o festival de manipulação, desrespeito e demagogia... menos as defuntas.
2018 promete... 🤔
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa - API. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
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