Os foliões da República após a farra, tornam a enfiar a cabeça na areia, alienados, ensimesmados e com ressaca...
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
O carnaval já foi sublimação coletiva em prol da alegria. Hoje, canaliza fugas dissociativas. Transformou-se em catarse hedonista sem caráter. Dissimulação do desespero ante uma realidade abominável.
Mas no Brasil, toda sexta é carnaval, e toda segunda é quarta-feira de cinzas. Como aquela ave australiana, os foliões da República, ao retomarem suas "obrigações", encostam suas cabeças minúsculas no chão, quando não as enterram na areia, ensimesmados, para retirá-las, solertes, quando ouvem o "grito de Momo" ou alguém dando graças pela sexta-feira...
Mas no Brasil, toda sexta é carnaval, e toda segunda é quarta-feira de cinzas. Como aquela ave australiana, os foliões da República, ao retomarem suas "obrigações", encostam suas cabeças minúsculas no chão, quando não as enterram na areia, ensimesmados, para retirá-las, solertes, quando ouvem o "grito de Momo" ou alguém dando graças pela sexta-feira...
Na farra permanentemente carnavalesca da crise moral brasileira, néscios se unem aos canalhas em blocos carnavalescos desprezíveis, tornando a pátria um reduto de palhaços.
O governo tampão abre alas. Alterna o ritmo da folha corrida de seus próceres com a cegueira moral de seus indicados nos postos da República. Ministra por onde passa remédios amargos necessários à economia e, em seguida, perde-se em estrepolias rítmicas indefinidas. Não tem futuro mas vai levando. Ali, todos dançam para não dançar...
Segue o bloco dos nababos. Fantasias despudoradas unem engravatados e foliões togados ao som da marchinha do ativismo judicial. Lotado de gordos salários plenos de penduricalhos imorais, o bloco nada resolve - pelo contrário, cria confusões. Seus foliões não têm qualquer compromisso com a claque que paga para vê-los evoluir. Pilhas de processos sem andamento ornam carros pretos alegóricos usados pelo bloco.
O tema da marchinha é gastronômico: "Supremo de Frango no Mundo de Pollyanna".
O bloco dos demais parasitas da Nação reúne encamisados e descamisados, partidos políticos e movimentos sociais, donos de crachás, escrachados, amigos dos amigos dos amigos, etc. Todos pulam no sapatinho, na moita, juntos e misturados, evitando ter maior visibilidade. Cada integrante do bloco segue no seu próprio ritmo. Não estão nem aí. Eles se lixam para o povo e para quem samba ao lado deles. Acreditam piamente que todo mundo, à própria exceção, é burro e desmemoriado. Torcem para que todo fim de semana aconteça sem novidades... e rezam para não serem acordados, na segunda-feira, com um "japonês" da Polícia Federal tocando a campainha.
O mesmo ocorre com os integrantes do bloco vermelho com estrelinha - todos ali confiam na amnésia coletiva. O samba-enredo é um mantra: "governo golpista".
O bloco histórico dos vermelhinhos era gramsciano, mas radicalizou. Perdeu credibilidade. Permanentemente embriagados, seus integrantes alternam rancores com momentos de absoluta mediocridade imaginativa. Nutrem um pensamento recorrente: eleger o barbudo mor antes que a enxurrada de delações premiadas levem o líder na correnteza.
De longe, são os maiores avestruzes militontos da república. Protagonizam o oba-oba enquanto seus dirigentes lutam para esconder os TRILHÕES que roubaram. Agraciados pela sorte de não terem mais que defender sua inacreditável presidanta, agem na oposição ao "governo golpista", como se a crise de hoje não tivesse nada a ver com a farra de ontem... ou seja, com eles.
De longe, são os maiores avestruzes militontos da república. Protagonizam o oba-oba enquanto seus dirigentes lutam para esconder os TRILHÕES que roubaram. Agraciados pela sorte de não terem mais que defender sua inacreditável presidanta, agem na oposição ao "governo golpista", como se a crise de hoje não tivesse nada a ver com a farra de ontem... ou seja, com eles.
A farra bilionária segue sem algemas. As punições se resumem a tornozeleiras distribuídas em troca de deduragens parciais. Nessa farra ninguém assumirá seus esqueletos. Eles ficarão para trás... abandonados na rua, no aguardo dos garis.
A nação brasileira permanece nas arquibancadas. Não trouxe fantasias, tíkets de entrada vip ou mesmo abadás. O grupo de excluídos é enorme. Recebeu de volta à linha da pobreza os trinta milhões que dela haviam saído... e adicionou à tragédia 12 milhões de desempregados. No final, aos sobreviventes restarão as cinzas.
Terminada a farra, voltará a ressaca... e o mau humor irá amargar a platéia.
Ante a dura realidade, sobrevindo as segundas/quartas de cinza, foliões da República tornarão a enfiar a cabeça na areia, alienados, ensimesmados e com ressaca.
Nessa posição "heroica", em sua fuga psicogênica, deixarão os traseiros expostos...
Assim permanecerão, até que uma onda redentora finalmente os afogue em sangue.
Ante a dura realidade, sobrevindo as segundas/quartas de cinza, foliões da República tornarão a enfiar a cabeça na areia, alienados, ensimesmados e com ressaca.
Nessa posição "heroica", em sua fuga psicogênica, deixarão os traseiros expostos...
Assim permanecerão, até que uma onda redentora finalmente os afogue em sangue.
Vivemos o eterno carnaval dos avestruzes.
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, das Comissões de Política Criminal e de Infraestrutura e Sustentabilidade da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É membro do Conselho Consultivo da União Brasileira de Advocacia Ambiental, Vice-Presidente Jurídico da Associação Paulista de Imprensa - API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.


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