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terça-feira, 16 de abril de 2024

FORÇAS ARMADAS: COM A MORAL E O MORAL NO FUNDO DO POÇO

Humilhados e ofendidos, comandantes militares confundem subordinação com subserviência... e padecem da humilhação  institucional


Subordinação não é subserviência 




Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro 



O governo Lula, cuja ilegitimidade se evidencia nas ruas, praças e em qualquer evento,  sobrevive hoje pendurado num esforço persecutório  de um Supremo Tribunal igualmente impopular. 

Para que este frágilíssimo sistema se equilibre, é necessário que essas duas peças, investidas nos poderes da República, estimulem diariamente conflitos e polarizações. Com isso, mantém-se  apoiadas num  factóide denominado  "combate à forças antidemocráticas", enquanto corroem, de fato, a democracia na República.

Dentre o rol de "inimigos" do regime dual da barbicha e da toga, destaca-se o fantasma do passado de força, iniciativa e determinação  doutrinária das Forças Armadas - refletido no histórico de intervenções determinantes nas crises republicanas havidas no Brasil, desde o Século XIX - em especial o movimente de 1964 - que resultou no longo processo de compressão da Soberania Popular e transformações  institucionais, cujos efeitos se projetam até hoje no comportamento  dos atores políticos da Nação. 



Um trauma psicológico 


64 é o grande trauma psico-social da esquerda brasileira - um fato que gerou um bloqueio inconsciente que faz seus quadros involuírem intelectualmente, ignorarem a histórica impopularidade do regime de crises havido no início dos anos 1960, e ingressarem num processo de sublimação - que direciona o ônus da responsabilidade dos seus fracassos  históricos, unicamente à ação militar dentro daquele episódio. 

O mantra do "golpismo", por exemplo,  é mecanismo neurolinguístico,  preso num ciclo transacional vicioso e repetitivo, que conduz a esquerda nacional inevitavelmente a atribuir a terceiros, seus constantes e episódicos fracassos.

No momento em que revela-se todo um cipoal de gestões e ações mal explicadas, no bojo do processo de retomada do poder do dispositivo lulopetista, o recalque antimilitar ressurge como forma de sublimar o fracasso, expresso na impopularidade do regime.



Humilhação orwelliana


É nesse contexto que surge a sintomática determinação  do governo Lula, buscando reduzir ainda mais o moral dos militares a serviço das Forças  Armadas do Brasil.

Não bastasse, por obra de um comando fraco e doutrinariamente  desmemoriado, servirem hoje de maçaneta para abrir porta para autoridades petistas em quartéis vazios e servir cachorro-quente para militantes contratados em evento oficial, os militares das Forças Armadas terão, agora, que pedir "desculpas à sociedade" e "extirpar alusão a 1964 de seus textos". É o que determina a resolução do CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS, datada de 2 de abril de 2024, dirigida ao Ministério da Defesa e ao Ministério da Segurança Pública.

O texto é digno de ser analisado por psicanalistas. No que interessa às Forças Armadas, a resolução  reza o seguinte:

 

"Ao Ministério da Defesa:

Instituir ordem do dia no dia 01/04 de cada ano fazendo referência ao Golpe Civil Militar ocorrido em 1964, divulgando pedido de desculpas à sociedade brasileira, em especial às vítimas de tortura e de perseguição assim como aos familiares de pessoas mortas e desaparecidas;

Determinar a proibição de qualquer ato de comemoração do Golpe Civil-Militar por qualquer membro das forças armadas;

Incluir a participação de pesquisadores das áreas de justiça de transição na elaboração do currículo das academias militares e policiais, bem como de suas obras e participação em aulas de formação, visando promover a democracia e os direitos humanos de forma eficaz e abrangente;

Retirar, em 30 dias, do sítio eletrônico do Departamento de Execução e Cultura do Exército, a Cartilha 4 – Datas Históricas representativas para o Exército brasileiro, que identifica o dia 31 de março, como alusivo a Revolução Democrática (1964);

Realizar uma Conferência Nacional de Defesa com o objetivo de acolher propostas da sociedade civil e da academia para garantir uma construção democrática e participativa da Política Nacional de Defesa."

Além de revelar um trauma nunca superado, o documento procura extirpar um fato histórico proibindo sua menção - tal qual faria o "Ministério  da Verdade" do drama de George Orwell.

Para piorar, o documento exige das forças armadas subserviência  à psicose esquerdista, abrindo as portas de seu mecanismo doutrinário à sanha psicopata lulopetista.



Fraqueza institucional


A ousadia documentada só é possível no contexto de fraqueza e confusão  estratégica  instalada hoje no comando militar e na liderança da Defesa do Governo Brasileiro. 

As demais ações do governo Lula seguem no mesmo sentido.

O Ministério da Defesa foi uma das pastas mais afetadas pelos cortes realizados em 2024 pelo governo petista, para ajustar o Orçamento às regras do novo arcabouço fiscal.

Durante o ano, o órgão perdeu R$ 280 milhões e foi "premiado" com o menor volume de recursos em uma década. Essa restrição tem impactos significativos no cumprimento de contratos já em curso, incluindo aqueles com governos e empresas estrangeiras, relacionados aos projetos estratégicos da Defesa. Afeta também a manutenção e o custeio das diversas organizações militares em todo o território nacional.

A humilhação pública determinada por "Resolução ", portanto,  é parte de um contexto de desarme e degradação  das forças militares. E, que fique claro, só possível por hoje muitos comandantes, ali lotados, confundirem subordinação  com subserviência. 

O contexto de crise institucional, por óbvio, faz com que a esquerda brasileira, mais uma vez, "dobre a aposta" em direção  ao inevitável  desastre.

Triste, no entanto, é ver o barco dos militares navegar em direção  aos rochedos... ignorando o farol da história. 

Como dizia Sêneca: "para uma nau sem rumo, todo vento é desfavorável"...





 
Antonio Fernando Pinheiro Pedro  é advogado, consultor e jornalista.








12 comentários:

  1. 👍 Esta subserviência é corolário da traição à pátria.
    Ao alto comando das FFAA hoje não podemos nominar como oficiais militares: são esbirros a serviço de tiranetes.

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  2. Para quem, como eu, que conviveu com militares que demonstravam valores e honra, é difícil entender de que cepa foi formada a atual liderança das tropas. O texto sintetiza com felicidade ímpar ao expôr que hoje esses confundem subordinação com subserviência... É triste ver esse fim para as Forças Armadas.

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  3. Inacreditável que, aos 72 anos de idade eu seja obrigada a ler "instruções " tão absurdas como as que li acima. Realmente chegamos, ou melhor, passamos do ponto onde a salsicha corre e persegue o cachorro.

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  4. A extrema-esquerda capitaneada pelo PT sempre sofreu da "sindrome da ditadura". E durante os últimos 45 anos, em que o conservadorismo e a direita foram sufocados pelo pensamento hegemônico de esquerda, fez o diabo para contaminar toda a sociedade com essa síndrome. Distorceu fatos, propagou mentiras, tentou apagar a verdade e reescrever a História segundo a cartilha stalinista. A moral das FFAA e a sua lealdade à Pátria infelizmente está posta em questão e agora, pelos dois lados do espectro político. À direita cresce a desconfiança e a descrença na institucionalidade da classe militar. À esquerda toda sorte de provocações, humilhações e medidas políticas para reduzir o papel institucional das forças militares, até mudando o art 142 da Constituição, se for preciso. Querem a crise política permanente e argumentam, junto com um STF aparelhado e desacreditado, que são os únicos defensores de uma democracia que precisa ser permanentemente tutelada. E assim, logo estaremos diante de uma nova Questão Militar como aquela do início da República. Mas, para essa gente e seus lacaios, não importa a realidade. Esse é um fato que também não aconteceu, assim como querem apagar o Movimento de 1964. Uma atitude digna de membros do IHR, os negacionistas do Holocausto

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  5. Excelente artigo, com uma análise perfeita do quadro de desmonte institucional e de vingança como política de Estado que o PT/STF implantou no país.

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  6. Uma vergonha sem precedentes as nossas FFAA.

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  7. O Alto Comando do Exército é das demais forças Tem que REAGIR! Pois se não o fizerem estarão cometendo crime de alta traição à PÁTRIA

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  8. É inacreditável e vergonhoso o ponto de subserviência que chegaram esses comandantes militares.
    Não sei como ainda tem coragem de encarar a Tropa e tentar justificar essa covardia com a Pátria. Desprezaram todos os ensinamentas ministrados nas Academias Militares.
    Gadelha.

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  9. Quem em sã consciência e conhecendo o passado das nossas forças armadas, por terra, ar e mar, iria imaginar tanta covardia, com excessão da nossa marinha, perante ordens de elementos sem nenhum escrúpulos e comprovadamente ligados a atos que envergonham até aqueles que perderam sua dignidade.

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  10. Meu email: palmeida1296@gmail.com

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