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quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

O OBJETIVO DO ESTADO



Por Maynard Marques de Santa Rosa



“O homem acredita mais prontamente naquilo que ele gostaria que fosse verdade” (Francis Bacon).



Três séculos depois de Bacon, Henri Bergson escreveu: “Temos uma tendência irresistível para considerar como ideia mais clara a que mais nos serve”. 

É, justamente, dessa predisposição que se vale o marketing político para temperar as narrativas com apelos ao gosto do público, tornando palatáveis os conteúdos. A vulgarização dos relatos chega ao limite de tentar convencer a opinião pública de que o que é ruim é bom. E, se por algum motivo os pretextos não forem suficientes para alcançar a meta, resta a solução final de Paul Valéry: “Quem não pode atacar o argumento, ataca o argumentador”.

O caldo de diversidades de 8 de janeiro de 2023 ensejou uma teia de versões que podem variar de “fake News” a teorias da conspiração. Sem dúvida, havia sobejas razões de insatisfação, sobretudo pela falta de transparência do processo eleitoral expressa na impossibilidade de auditar o resultado, que tornava suspeito o resultado.

A maior parte das manifestações foi legal, mas houve erupções violentas na praça dos Três Poderes. O papel dos “black blocks” e demais extremistas dos partidos de esquerda infiltrados entre os depredadores permanece indecifrado. Esperava-se da CPMI do Congresso que conseguisse apontar a verdade, mas o que se viu foi um espetáculo de manipulações cujo relatório final arrolou criminosos de um lado só. Portanto, a narrativa que o “Sistema” pretende consagrar tem seus compromissos com os interesses dominantes, menos com a verdade.

O momento político do nosso país suscita o alerta de Spinoza: “O objetivo supremo do Estado não é dominar os homens, nem contê-los pelo medo; é, isso sim, livrar do medo, permitindo-lhes viver e agir em plena segurança e sem prejuízo para si ou seu vizinho. (...) Assim, o objetivo do Estado é a liberdade”.




General de Exército Maynard Marques de Santa Rosa é oficial reformado do Exército Brasileiro, formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Resende/RJ), tendo servido em 24 Unidades Militares do Território Nacional durante 49 anos de atividade na carreira. Possui mestrado pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Rio de Janeiro e doutorado em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, também do RJ. No exterior, graduou-se em Política e Estratégia, em pós-doutorado no U.S. Army War College (Carlisle/PA, 1988/89). Foi Ministro-chefe da secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), no Governo Bolsonaro (2019). 


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