Por Maynard Marques de Santa Rosa
“O homem acredita mais prontamente naquilo que ele gostaria que fosse verdade” (Francis Bacon).
Três séculos depois de Bacon, Henri Bergson escreveu: “Temos uma tendência irresistível para considerar como ideia mais clara a que mais nos serve”.
É, justamente, dessa predisposição que se vale o marketing político para temperar as narrativas com apelos ao gosto do público, tornando palatáveis os conteúdos. A vulgarização dos relatos chega ao limite de tentar convencer a opinião pública de que o que é ruim é bom. E, se por algum motivo os pretextos não forem suficientes para alcançar a meta, resta a solução final de Paul Valéry: “Quem não pode atacar o argumento, ataca o argumentador”.
O caldo de diversidades de 8 de janeiro de 2023 ensejou uma teia de versões que podem variar de “fake News” a teorias da conspiração. Sem dúvida, havia sobejas razões de insatisfação, sobretudo pela falta de transparência do processo eleitoral expressa na impossibilidade de auditar o resultado, que tornava suspeito o resultado.
A maior parte das manifestações foi legal, mas houve erupções violentas na praça dos Três Poderes. O papel dos “black blocks” e demais extremistas dos partidos de esquerda infiltrados entre os depredadores permanece indecifrado. Esperava-se da CPMI do Congresso que conseguisse apontar a verdade, mas o que se viu foi um espetáculo de manipulações cujo relatório final arrolou criminosos de um lado só. Portanto, a narrativa que o “Sistema” pretende consagrar tem seus compromissos com os interesses dominantes, menos com a verdade.
O momento político do nosso país suscita o alerta de Spinoza: “O objetivo supremo do Estado não é dominar os homens, nem contê-los pelo medo; é, isso sim, livrar do medo, permitindo-lhes viver e agir em plena segurança e sem prejuízo para si ou seu vizinho. (...) Assim, o objetivo do Estado é a liberdade”.
General de Exército Maynard Marques de Santa Rosa é oficial reformado do Exército Brasileiro, formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Resende/RJ), tendo servido em 24 Unidades Militares do Território Nacional durante 49 anos de atividade na carreira. Possui mestrado pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Rio de Janeiro e doutorado em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, também do RJ. No exterior, graduou-se em Política e Estratégia, em pós-doutorado no U.S. Army War College (Carlisle/PA, 1988/89). Foi Ministro-chefe da secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), no Governo Bolsonaro (2019).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja membro do Blog!. Seus comentários e críticas são importantes. Diga quem é você e, se puder, registre seu e-mail. Termos ofensivos e agressões não serão admitidos. Obrigado.