Israel aplica a lição aprendida na 2a Guerra Mundial e na Guerra contra o Terror.
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Ofensiva em Gaza - Foto: Jack Guez/AFP |
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Não se faz omelete sem quebrar os ovos. É necessário aprender com o passado e ler o contexto presente para não mais ser surpreendido no futuro.
O quadro estratégico atual, ainda assim, nos prega peças. E é desolador observar governos ocidentais atolados no lamaçal globalista-progressista, tomados por uma síndrome "políticamente correta"... cuja imoralidade intrínseca só é superada pela hipocrisia crônica.
O ocidente, portanto, corre perigo. E nossos mais caros valores estão, hoje, guardados pela ação bíblica, implacável e decidida das forças israelenses contra o chamado "eixo do mal": o protonazismo xiita iraniano e seus dois braços armados terroristas : o Hamas e o Hezbolah.
O espelho da 2a. Guerra
8 de maio de 1945. O Dia da Vitória, iniciou o mais longo período de paz na história da Europa. Gerou a certeza moral de que o ódio, como política de Estado, deve ser combatido implacavelmente.
Há outra certeza: o combate abrangerá sempre o sacrifício, não apenas do malefício mas, também, dos governados pela ideologia do mal, inocentes ou não.
Hitler usou a população de Berlin como escudo humano, tal qual fizera Stalin em Stalingrado. O Japão também fez o mesmo.
No entanto, os aliados não hesitaram em aniquilar o mal. Há momentos na história, em que a hesitação pode custar muito caro a gerações inteiras, para além das vidas já perdidas.
A grande lição
Dos escombros do nazismo, em 1945, e da revelação dos crimes bárbaros do Stalinismo, em 1954, não restou mais espaço para a hipocrisia pacifista. Ficou claro, para todos os que usam a razão, que no combate à política do ódio, a omissão e a hipocrisia também destina seus praticantes aos lugares mais quentes do inferno.
O estabelecimento da paz, escreveu o historiador britanico e líder conservador Michael Howard, "é uma tarefa que deve ser encarada novamente todos os dias de nossas vidas". "Nenhuma fórmula, nenhuma organização e nenhuma revolução política ou social podem libertar a humanidade desse dever inexorável". 1
O nazismo, o stalinismo, o maoísmo, o ódio tribalista africano e o radicalismo xiita e sunita muçulmanos, são indutores do genocídio e do terror como prática política; das execuções em massa e dos campos de concentração. São o mal, que nos lembra o quanto a tarefa de combatê-lo permanece viva e essencial.
James J. Sheehan, mestre de Stanford, leciona que a maioria das guerras termina quando um lado se rende ou concorda com um cessar-fogo.
Foi o que aconteceu em 11 de novembro de 1918, quando os representantes do governo alemão concordaram com um armistício e, sete meses depois, assinaram um tratado de paz.
No entanto, "em 8 de maio de 1945, não havia estado alemão reconhecido por seus inimigos. Em três lugares diferentes, os comandantes das forças armadas alemãs se renderam incondicionalmente. A autoridade civil e a cidadania germânica haviam desaparecido. A Alemanha estava dividida entre os vitoriosos".
"Embora os tratados de paz tenham sido assinados com os aliados da Alemanha em 1947, um tratado final que reconheceu a Alemanha como um estado totalmente soberano não ocorreu até 1991." 2
Da observação de Sheehan, extraímos que o mundo aprendeu dura lição: que para extirpar o mal, é necessário aniquilá-lo, ainda que isso implique em sacrifício para toda uma nação à ele submetida.
A distinção entre Nação... e o mal que a acomete, a ponto de relativizar o conceito absoluto de soberania, também foi outra dura lição - que inaugurou o novo conceito de guerra híbrida e assimétrica, que hoje afeta e adoece o processo de globalização sob o manto do globalismo progressista.
A ação globalista
A globalização é conforma um processo em constante e secular progressão em nossa marcha civilizatória. Já o globalismo progressista configura uma vertente teratológica que contamina gravemente o processo. Um mal a ser extirpado em favor da própria cosmopolitização global, ocidental e asiática.11
O conflito do qual tratamos, aqui, se insere neste contexto, embora tenha raízes ancestrais.
As ações produzidas no dominó da guerra fria e a nova configuração de intervenção nos conflitos assimétricos dos últimos trinta anos, implicaram na relativização da soberania e no rescaldo segregado de vidas humanas, tais como praticados pelas vertentes radicais e seus instrumentos de mídia mainstream, manipulados pelos globalistas.
O objetivo aperfeiçoado no pós Guerra Fria, não é cooptar nações para um dos lados da cortina de ferro. O novo objetivo globalista é, sobretudo, dissimular o ato agressor, removendo-o do cenário do conflito humanitário.
Por óbvio, a verdade termina sufocada por uma avalanche de desinformação, intolerância identitária e polarização.
Se antes a polarização se circunscrevia a marxistas, em suas variadas vertentes, versus capitalistas, de forma bipolar, agora a intolerância e a polarização são cultivadas por uma militância mais diluída, porém igualmente estreita, sedimentada numa esquerda identitária, anticultural, iconoclasta e rancorosa, que se apropria de preocupações globais para nelas contaminar o debate com o veio da dissenção prograssista globalista. O dissenso constrói várias bolhas de ensimesmados, impermeáveis à realidade dos fatos - segregando interesses humanitários e dissimulando as mais variadas agressões, em nome de interesses difusos e confusos - todos intrinsecamente conflituosos.
Essa camada plural de intolerantes, se presta hoje a dissimular agressões contra a economia da livre iniciativa e a liberdade de expressão. Trata também de segregar, nos conflitos humanitários, quais seres humanos são merecedores do viés vitimista e quais devem ser ignorados - quando não demonizados.
O globalistas não resolvem conflitos, os criam. Por óbvio, vivem às custas disso.
Sem dúvida, a hipocrisia "progressista" é o apanágio que domina o proselitismo globalista.
Lição de êxodos e guerras
A segregação de interesses humanitários detém uma geopolítica bem característica. A primeira face dessa geopolítica é a amnésia.
Vamos, portanto, resgatar a história...
No "Setembro Negro", em 1970, a segregação humanitária por conveniências ocorreu quando o Rei Hussein da Jordânia expulsou milhões de Palestinos do País, por não ter mais como contornar o conflito e as ações de desestabilização contra seu governo, provocados pela Fatah.
O efeito geopolítico dessa atitude foi a "diáspora palestina" - que salvaguardou a soberania e a estabilidade política da Jordânia - mantida até hoje. O efeito humanitário foi o de ampliar acampamentos de refugiados na Cisjordânia, Gaza e sul do Líbano.
Essa diáspora serviu, no entanto, de pretexto para os militantes da Fatah e demais grupos radicais islâmico-palestinos gerarem uma sangrenta e devastadora Guerra Civil no Líbano.
De fato, os radicais muçulmanos, apoiados pela Síria e Irã, destruíram o Líbano, uma nação democrática e até então prevalentemente cristã, que generosamente havia acolhido os refugiados palestinos sob os auspícios de uma ONU já imersa na hipocrisia protoprogressista.
O que se seguiu desde então, reflete a impressionante relativização da soberania libanesa, governada por uma estrutura de Poder incapaz de controlar o próprio território.
Outro exemplo da assimetria globalista-progressista, com efeitos humanitários, ocorreu quando a OTAN, sem declaração formal de guerra, invadiu o território servocroata, pacificando a Bósnia e Herzegovina - envolvidos numa guerra fraticida com viés etnico e religioso.
O resultado foi a criminalização dos atos decididos pelos líderes sérvios - sem hesitação.
Da mesma forma, após estimular conflitos e radicalizações entre sunitas e xiitas, construindo um estado xiita marionete num Iraque destruído pela guerra, após a queda do sanguinário Sadan Hussein, a chamada "esquerda globalista" ignorou o desastre do "Estado Islâmico" o quanto pôde, para articular uma derrubada de Hafez Assad, na Síria, intervindo na guerra civil sem ter qualquer visão nítida dos atores envolvidos.
O fato é que os globalistas europeus só conseguiram reduzir os danos quando corrigiram rumos sob o firme e decisivo apoio russo, para destruir com eficácia o Estado Islâmico, ao custo de vidas no Iraque, Síria, Armênia e Curdistão.
A burrice estratégica se deveu, sobretudo, à interferência "progressista" do governo democrata dos EUA, seguido pela "nau dos insensatos" globalistas eurocêntricos - que literalmente desaprenderam o conceito de Guerra Contra o Terror, substituindo-o por uma nova "Síndrome de Chamberlaim". 4
A coclusão não deixa margem de dúvidas para a forma implacável com que o fenômeno deve ser combatido, sem trincheira e sem quartel. 3
Da guerra contra o nazismo surgiram duas conclusões:
1- a primeira, que a guerra deve ser evitada a todo custo;
2- a segunda, que as democracias devem estar prontas para resistir à agressão e eliminá-la implacavelmente.
Não por outro motivo, a Europa Ocidental, com base na segunda lição, há tempos formou a Aliança Atlântica (OTAN).
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Berlin, 1945 - A vitória dos aliados contra o ódio nazista se fez sobre os escombros da Alemanha |
O inimigo está na retaguarda
Mas há dois componentes desagregadores:
i. um que perdura desde a primeira guerra mundial... e permanece perturbando conceitos e definições na solução de conflitos - denominado Pacifismo Leninista e
ii. outro, mais recente, conectado com o primeiro, que a partir da guerra fria gera impasses e hesitações, de forma a fazer políticas de ódio perdurarem: a Síndrome de Chamberlain.
Lenin, ao pregar o "pacifismo" na primeira guerra mundial, o fez por conta de uma aliança estratégica dos bolchevistas com o Império Alemão, interessado em por fim à frente russa - o que de fato veio a ocorrer com a tomada do poder pelos comunistas em 1917 (e a assinatura do Acordo de Brest-Litovsk).
Assim, desde então, o uso do discurso pacifista pela esquerda mundial de forma alguma objetiva a paz mas, sim, algo relacionado à política de alianças com um lado do conflito, visando ganhar tempo ou consolidar algum ganho territorial.
Já o comportamento "politicamente correto" da liderança ocidental é sintomático da Síndrome de Chamberlain - patologia política que remete ao hipócrita e pretensanente ingênuo comportamento (e por isso mesmo desastroso para a humanidade), protagonizado pelo primeiro ministro britânico Neville Chamberlain, que acreditou conter Hitler, Mussolini e, por tabela, Stalin, fazendo-os assinar um pedaço de papel em troca da covarde "cessão" do território tchecoslovaco aos nazistas - no Acordo de Munique, em 1938.
A estultice constituiu um ganho estratégico para os nazistas e os encorajou a provocar a II Guerra Mundial. 4
Essa mesma postura "ingênua" acomete o comportamento "pacifista" e tolerante do globalismo progressista à política de ódio praticada pelas organizações terroristas muçulmanas e estimuladas hoje pelo Estado Terrorista do Irã - como já o foi pelos Estados Loucos da Líbia, Iraque e Afeganistão.
Líbia, Iraque e o Afeganistão do Talibã (na sua primeira versão, antes de 11 de Setembro), estimularam, treinaram e financiaram o terrorismo radical islâmico e as organizações terroristas de esquerda - da Fração do Exército Vermelho (Baader-Meinhof), à Al Qeda - responsável pelo atentado às Torres Gêmeas em NY.
Agora, é o Irã que centraliza o apoio bélico às organizações terroristas, e o faz com o beneplácito geopolítico russo, turco, norte-coreano e chinês.
No oriente e no ocidente, todas essas organizações interagem com o tráfico de drogas - da papoula oriental à coca latino-americana. O vínculo do Irã com o Foro de São Paulo e os narcoestados populistas da América Latina é evidente, e conta com a Síndrome de Charmberlain e o Pacifismo Leninista instalados no quadro de funcionários da ONU e disseminados na esquerda Norte Americana e Europeia.
Nessa perspectiva histórica, percebemos o quanto Churchill, Roosevelt e De Gaulle fazem falta ao mundo de hoje - mundo esse lotado de "Chamberlains" titulados na cátedra das academias e "Lênins" extraídos de centros acadêmicos. Gente que pratica a hipocrisia sem corar, e faz do cinismo militância.
Há pouco mais de dez anos, a Europa e o ocidente se encontram à mercê dos conflitos decorrentes da expansão do radicalismo muçulmano, que distribui refugiados por todos os países, sem que se perceba que o vírus do rancor contra o ocidente segue neles inoculado. Com isso, as distorções se agravam nos regimes democráticos e tolerantes - a ponto de o esquerdismo "politicamente correto" reprimir a crítica aos radicais, acolhendo o rancor como forma de discurso prevalente, somado ao discurso identitário.
Há uma dose de disfunção cognitiva, que externa o comportamento psicopata, desprovido de empatia ou remorso, do globalista progressista. Basta recorrermos ao Manual do Guerrilheiro Urbano, escrito por Marighella - e modelo de ação para todos os grupos terroristas do mundo. Veremos o quanto esta obra representa na formação de todos os grupos dedicados a fazer do ódio, política de Estado. 5
Chamberlain foi o grande precursor do "politicamente correto" - que se traduz pela tolerância infinita com todo tipo de psicopatia, vitimização da transgressão e repressão aos que se postam contrários aos transgressores. O objetivo do "politicamente correto" é, justamente, não resolver o conflito e, sim, perenizá-lo - em respeito aos seus atores.
Ou seja, o inimigo se encontra também na retaguarda do ocidente, dissimulado nos meios políticos esquerdistas, difundindo um pacifismo hipócrita e posturas de "correção política" suicidas.
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O componente nazista está no cerne do apoio iraniano ao ódio contra Israel e o ocidente |
O Irã é a nova ameaça nazista
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Fundador do escritório Pinheiro Pedro Advogados, é CEO da AICA - Agência de Inteligência Corporativa e Ambiental, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, membro do Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Coordenador do Centro de Estudos Estratégicos do Think Tank Iniciativa DEX e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa - API. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
Obrigado, Musa!
ResponderExcluirO conhecimento é libertador, ah! Se todos os brasileiros tirassem a venda do desconhecimento.
ResponderExcluirExcelente texto e muito esclarecedor. Parabéns..
ResponderExcluir👏👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluirPerfeito. Irretocavel
ResponderExcluir👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirTexto profundamente esclarecedor que deveria tornar-se matéria de leitura obrigatória a todos os universitários de todas as áreas do conhecimento.
ResponderExcluirExcelente texto, pena que são poucos os que pensam e agem como o senhor..parabéns pela aula e esclarecimento professor!!!
ResponderExcluirUma aula de história e sobre o bárbaro caminho que se apresenta para o mundo. E preciso que o mundo acorde. Que combata a política do ódio. Que proteja o ocidente do complô idealizado pelos globalistas. O Brasil precisa acordar também da marcha idealizada pela esquerda, que já domina as Instituições.
ResponderExcluirParabens Antonio. Uma aula de historia e um alerta aos estercocefalos !
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