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sábado, 30 de dezembro de 2023

OS 300 DE ESPARTA E OS CORVOS DA REPÚBLICA

Em nossas Termópilas, a democracia é esmagada pelos corvos, sem que haja um único Leônidas a liderar sua defesa





Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro

 

 

O leão nunca ataca o touro se ele tem seu chifre em postura de ataque. Ele ataca quando o touro se põe em fuga.

 

Essa lição parece caber integralmente na coreografia das nossas instituições nacionais na presente crise política. 


Em verdade, não se trata das instituições... mas do péssimo material humano que delas se assenhorou.


Vivemos um conflito derivado da notória falta de legitimidade do atual governo. 


O presidente Lula da Silva, um "líder popular", não pode por o nariz na rua sem sofrer alguma ofensa... de populares. Já o seu antecessor - cassado e "caçado" pelo sistema instalado no planalto, é recebido nos braços do povo até na Argentina. Fatores sintomáticos de que algo  de errado, não está certo.


Aliás, tal qual um castelo de cartas, um regime ilegítimo apoiado pela jurisprudência do medo produzida por um tribunal proselitista e injusto... não vencerá a lei da gravidade. Ainda que protegido por um quadro cor de rosa plantado por uma mídia pôdre... cedo ou tarde, cairá. 


Os sintomas da ruptura são claros.


Uma sombra cada vez maior se abate sobre o sistema eleitoral "eletrônico" brasileiro - utilizado aqui e no Butão, e já substituído até na Venezuela por um sistema de voto impresso.   Esse incômodo assunto é propositadamente obnubliado por uma imensa polarização no ambiente político e social - a cada dia estimulada pelo próprio governo impopular e seus acólitos nele pendurados.


No mesmo sentido, testemunhamos a tragédia, da desmoralização impressionante, sofrida pelas instituições permanentes da República, e encetada por seus próprios quadros. 


A péssima judicatura em exercício nos tribunais superiores soma sua desfaçatez à de membros do Ministério Público e agentes de segurança ideologicamente orientados. Temerosos da evidente impopularidade e alvos da desconfiança do Povo, tratam de distribuir carteiradas, criminalizar críticas, caçar e cassar mídias discordantes.


O nível de distorção de valores é impressionante. Os corvos instalados na Repúbluca tratam de intimidar cidadãos de bem,  enquanto manipulam o entendimento das normas legais para garantir impunidade aos notoriamente maus, reprimir dúvidas e questionamentos de jornalistas e cidadãos, esmagar o direito de defesa e inibir manifestações de protesto. O aparato instalado em Brasília, hoje, mimetiza hienas acossadas que reagem em bando, tentando isolar e atacar suas vítimas... 


O avanço da censura e da perseguição política, protagonizado por decisões judiciais atrabiliárias, somado à postura de escárnio adotada pelos novos pançudos no Poder Executivo, destrói o  Estado de Direito sob o cínico pretexto de "salvá-lo".


Vale aqui mencionar o sempre atento General Paulo Chagas, que exerceu crítica às ações arrogantes do Ministro Alexandre de Morais - aquele que tudo julga e investiga, inquisidor e julgador... 


O General escreveu em seu twitter:


"Convido Alexandre de Moraes a assistir ao filme "300 de Esparta" na cena em que Leônidas, ao final da luta nas Termópilas, em um último gesto, atira sua lança em direção a Xerxes e o fere no rosto lembrando-o de que ele não era imortal.

Os persas venceram a batalha mas não a guerra!"

 

Porém, em nossas Termópilas, a esmagadora maioria de populares mobilizados é que está sendo sacrificada pelos corvos, sem que haja um único Leônidas a liderá-la.


Os corvos da República -  togados, engravatados, cobertos de medalhinhas em uniformes disfuncionais ou  uniformizados como o boneco "Falcon" do "Comandos em Ação" para prender velhinhas com bíblia na mão, são zelosos dos seus privilégios e prerrogativas.

 

"Premiados" com gordos salários, os corvos têm, no entanto, consciência da podridão que operam. Sabem que a história será com eles implacável.  Temem o desprezo dirigido a eles pelos cidadãos de bem e, talvez por isso, agem desbragadamente, como se não houvesse amanhã.


A covardia institucionalizada se revela na direta proporção da arrogância que a protoditadura instalada em Brasília demonstra - ao beneficiar notórios "vilões" do escândalo da Lava Jato, aprovar privilégios odiosos a seus pares, investigar, processar e condenar cidadãos comuns por condutas "construídas", em sede e foro "de exceção" e aplicar-lhes penas que não teriam coragem de infligir ao chefe de quadrilha do tráfico da esquina da rua onde moram.

 

Como matilha de hienas, reprimem e desencorajam manifestações públicas de protesto às aberrações que produzem contra a República, a Moral Pública, os costumes e a ética.  Abusam da caneta com ansiedade, cientes que a tinta que a abastece uma hora acaba.


No entanto, eles, os corvos, as hienas, cumprem sua função: deixar evidente nossa inegável e absoluta superioridade moral sobre a corja que nos fere.


"Lucas 12:24 NVI

Observem os corvos: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros; contudo, Deus os alimenta. Vocês têm muito mais valor do que as aves!"


Os rancorosos são corroídos pelo que expelem. 


Facilmente identificados pelo rancor que exalam, os rancorosos terminam desprezados pelas circunstâncias e pelos circunstantes... e é o que deverá ocorrer com os que hoje se encontram aboletados no poder efêmero da República. 


O silêncio omisso e a falta de liderança do parlamento nacional, por sua vez, revela a hegemonia dos covardes na política atual. O fenômeno da covardia aumenta a sensação de desperdício  do esforço popular e estimula a sensação geral de desalento.  


Sofremos hoje uma reação coletiva, histórica e profunda de um  corrosivo desprezo por todas as instituições que se alimentam do que ainda resta de nosso tecido social. Um retrocesso cívico-cultural aos tempos de colônia.


Se o pior já ocorre, hoje, com as instituições permanentes, civis, da República, as FFAA seguem solertes para o poço do opróbrio, pela omissão de seus comandantes. Estes, aquinhoados com benesses salariais, sabem do evidente desmonte que a força que comandam sofrerá, sob o tacão dos populistas,  que não hesitarão em subjugá-la.


Como lecionava Aristóteles, "são as escolhas efetivas entre o bem e o mal que definem o caráter, nunca o que  se pensa sobre um ou outro".


Como vaticinou Churchill, pode-se enganar alguns por algum tempo... mas não se enganará a todos, todo o tempo. A verdade surgirá e a história será implacável.


Não bastará, portanto, "arremessar a lança contra Xerxes". 


Talvez, seja o caso de ler e cantar os Salmos. 

 





Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado e consultor ambiental, jornalista e editor. 


5 comentários:

  1. Excelente… preciso é cirúrgico

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  2. Este texto mexe com a índole e patriotismo do verdadeiro brasileiro, sangra a sua falta de responsabilidade para com a família e o povo que luta por um momento melhor, enfurece os soldados de toga, mas não terá êxito se calados ficarmos. Estarei sempre com você, jornalista NACIONAL!

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  3. Enquanto isso, os profissionais da educacao, docentes e não docentes sofrem na tentativa de tentar uma licença medica ou um afastamento para se curar do sufocamento que as vulnerabilidades sociais geram na realidade escolar, em especial, o ensino médio público e periférico.

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  4. É preciso lutar contra a naturalização do ambiente hostil/tóxico no setor público educacional. Por mais diversidade cultural e diversidade de trilhas pedagógicas no ensino médio público.

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  5. No horror implantado com a conivência das FFAA vamos todos sucumbir.
    De toda essa corja a serviço do Mal, os maiores responsáveis são os comandantes das FFAA que, ante um explícito e comprovado processo eleitoral viciado, que culminou com a maior fraude eleitoral dos tempos modernos, venderam suas almas ao narcotráfico latino americano.
    Eles responderão pelo mais hediondo dos crimes, a traição à pátria. A traição ao seu povo, ao povo que juraram defender.

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