O Brasil de hoje vive uma realidade kafkiana, um cenário impossível, que se tornou real. Os infaustos de 8 de janeiro parecem ter sido maquinados para justificar o obscurantismo de uma repressão implacável e ilegal.
Centenas de inocentes seguem ainda confinados, à margem das garantias constitucionais, para exemplo perverso a milhões de outros brasileiros descontentes.
Inibido o povo de exercer a própria soberania, instalou-se no país a paz dos pântanos, prolífica de miasmas de ódio, insegurança jurídica e desesperança. Nestas condições, não pode haver harmonia e, menos ainda, governabilidade.
Apesar das tênebras, no entanto, resta viva a semente plantada por milhares de anônimos que, na humildade da mensagem revestida da Bandeira nacional, traduzia a insatisfação manifesta com os desmandos e o anseio por justiça, liberdade e autonomia.
Decorridos 59 anos do 31 de março de 1964, permanecem latentes os motivos de repulsa ao patrimonialismo atávico de um mecanismo renitente, e persistem frustrados os mesmos anseios das gerações anteriores.
Como não pode um sonho intenso, um raio vívido de amor e esperança permanecer eternamente sufocado, após a catarse em curso e sob o influxo do exemplo histórico, haverá novamente de brilhar o sol da liberdade em raios fúlgidos, para que o Brasil reencontre o caminho da fraternidade e do progresso.
*General de Exército, antigo integrante do Alto Comando do Exército, foi Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
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