Tudo isso que estamos passando é um aprendizado - para transformar incertezas em ativos
Entramos na década
com muitas expectativas e previsões de transformação, mal iniciou e já se
mostrou muito mais transformadora que qualquer estimativa.
Em estudos de
futuros, eventos como este pelo qual estamos passando, são chamados de ‘Cisne
Negro’; são aqueles eventos raros e imprevistos que surgem de maneira muito
rápida e com grandes efeitos e impactos em todas as esferas: econômicas, políticas,
sociais e culturais etc. e que muda tudo como conhecemos, não só localmente,
mas globalmente. Esses eventos geram muitas reflexões e mudanças
significativas. O que antes não era considerado consenso geral ou simplesmente
desprezado passa a ser dominante, e quando vemos, já foi.
Apesar de
escutarmos desde os anos 80 o termo globalização, nunca ficou tão claro como
nos últimos dias, como uma província a 17.964 km – distância entre a capital Wuhan
até São Paulo - da qual provavelmente você nunca tinha tomado conhecimento, passa
a ser o quintal da sua casa, e que os meios de transporte modernos,
inimagináveis, até pouco tempo atrás - o primeiro voo comercial foi realizado
em 1910 numa viagem de uma hora que percorreu a distância de 100 km em
incríveis 97 km/h, e hoje quase que como teletransportes, levam qualquer pessoa
de um lado do mundo literalmente para o outro lado em menos de um dia. Assim
como uma mensagem ou notícias demoravam dias, ou até meses para chegar, hoje
você pode se tornar motivo e a própria notícia mesmo sem saber ou sequer ter
saído do seu quarteirão.
Tudo está
conectado... Quantas vezes já ouvimos essa frase, já desgastada virou chavão,
mas ainda não foi compreendida.
Inicialmente
a década tinha previsões como chegar em 2030 com menos comércio entre países e
consequente queda do PIB mundial, causada pelas novas tecnologias emergentes e
processos de fabricação aditivos como 3D, produção local sob demanda com o fim
dos silos de armazenamento, diminuição do deslocamento de pessoas, no
transporte internacional, de massas urbanas entre outros. Alguns desses indicativos
apontados por prospectiva, métodos já mapeados nas três classes de futuros:
possíveis, prováveis e preferíveis, sofreram mudanças e devem ser revisitados.
Alguns
atrasarão um pouco, como o já identificado com a implantação do 5G, onde a
paralisação deve causar um atraso de um ano e meio inicialmente, porém, outras
devem ser aceleradas ainda mais como RV e RA, realidade virtual e aumentada,
influenciado diretamente no teletrabalho, revisão na cadeia produtiva com
mudança estrutural na forma e relações de trabalho, telemedicina e uso de
agentes digitais (nossos clones ou ‘dobras’) e ambientes virtuais para consumo
e negócios de todos os segmentos.
O que mudou
com esse evento Cisne Negro? Na verdade apenas a velocidade de implantação,
agora vertiginosa, o chamado novo normal. É como se nos acostumássemos e
adaptássemos às inconstantes mudanças de altitude no trajeto de uma montanha
russa sem se importar com o mal estar que ela proporciona.
O conceito de
exponencial que é difícil de ser assimilado por nosso cérebro, foi tão exposto que
ficou bem claro conforme passavam os dias de contaminação. Como os sistemas
mais perfeitos são os mais naturais possíveis, os que imitam a natureza com sua
aparente calma e coordenação com seus ciclos, tudo está interligado, e nós não
estamos alheios a esse sistema, ninguém está. Assim como nosso sistema
imunológico que funciona sem percebermos, estamos todos nesse ecossistema,
agora interligados com outros sistemas, os artificiais, computadores e redes,
potencializando tudo, seja para o bem ou tanto como para o mal.
A adoção de
tecnologia se é mais cedo ou mais tarde, tanto faz, porque não é a tecnologia
que está em questão, e sim questões éticas, morais e culturais, são
essencialmente humanas.
Vivemos um
tempo de transição, disso já sabíamos, os sistemas antigos estão morrendo e os
novos sistemas ainda não emergiram totalmente. Porém, o ser humano tem essa
tendência na preservação e manutenção daquilo que já conhece, lutando a todo
custo ao cenário novo; porque não o compreendemos ou nos sentimos ameaçados e quanto
mais tempo de luta contra tentando preservar, mais demora em buscar respostas
de superação.
Já não é uma
questão de querer ou não querer; a disrupção virá para todos, em maior ou menor
impacto e resistência, mas virá, e já começou. Está é apenas a primeira onda de
mudança que impactará você e o seu negócio e todos serão envolvidos na mudança,
e a primeira mudança é em nós mesmos, a mudança interior.
Vimos
reações, bipolares, como tudo em nossos dias, os que acolheram, os que
rejeitaram e pensaram só em si, assim como a união e reposta rápida da ciência
e a busca por compartilhamento de informações e soluções rápidas,
exponencialmente rápidas também.
A era agora é
da acumulação, mas não de retenção de bens e sim retenção de conhecimento e
compartilhamento deste conhecimento, com líder sinárquico, o mais preparado,
orientado para servir e organizações com mentalidade de fins lucrativos para
meios lucrativos.
Acredito que
de tudo isso que estamos passando, muito aprendizado e efetivas mudanças
teremos, através da nossa capacidade de transformar a incerteza, de uma inimiga
em um ativo, e na comunidade (a comum unidade) onde a lei que regerá a célula
individual, regulará também a coletividade.
Future-se!
Paulo Gianolla é Designer e Consultor. Atua na implementação do Design como Estratégia e Cultura de Inovação para a Liderança Exponencial e Empreendedorismo. Pesquisador de futuros, neurociências, cognição, aprendizado e processos criativos, métodos híbridos de AI (Inteligência Artificial ou Aumentada) e implantação de IoT (Internet das Coisas).
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