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sábado, 16 de junho de 2018

ERRANDO O INIMIGO E REVELANDO A RETAGUARDA

É  preciso distinguir o inimigo certo do errado. O erro revela o flanco e a  retaguarda do atacante equivocado.






Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro


Ajustar a mira contra "a direita", a pretexto de tomar o lugar desta na polarização com o petismo e seus satélites esquerdistas, constitui erro descomunal de todos os social-democratas e líderes moderados empenhados na campanha eleitoral, integrantes do establishment e  não atrelados ao projeto bolivariano de poder.

Antes de considerar as razões históricas da afirmação, é preciso observar a antiga lição da filosofia oriental, captada pela doutrina da psicanálise:  
"Dessa forma age o ego: sente-se atacado, questionado, ofendido… e quer ter sempre razão no jogo de ser superior aos outros."
O ego, de fato, é um grande inimigo do aprendizado - principalmente na política. 

Os quadros democratas do establishment costumam ser vítimas notórias dessa armadilha mental, e de há muito já deveriam tê-lo aprendido. Porém, esse grupo, postado no arco amplo que vai da social-democracia ao liberalismo mais conservador, parece nunca aprender. 

Talvez isso ocorra por estar esse arco ideológico-ideocrático, envolvido na redoma do ego. Assim, ainda não se  deu conta de estar, tanto quanto a esquerda populista, também atolado na lama da pocilga em que o país se transformou - com a ajuda dele - embora tenha ainda condições de  também ajudar o Brasil a sair desse estado.

O confuso quadro paulista

Um bom exemplo é o confuso quadro estabelecido no processo eleitoral no Estado de São Paulo. Não por outro motivo, hoje, no estado de São Paulo, o governo formado por uma base de apoio ao candidato tucano à presidência, Geraldo Alckmin, corre o risco de sair do prumo das  pretendidas (e necessárias), mudanças na governança - justamente pela ambição tucana de envolver, em qualquer contenda, a necessidade do PSDB ser superior aos outros.

Paulo Skaf, à frente do MDB, passou a ter chances reais de assumir o governo, pois o candidato tucano, João Dória, enfrenta o peso de uma justificada rejeição, não sem antes  insistir em desgastar o grande aliado de Geraldo Alckmin, Márcio França, o atual governador do estado, também candidato e postado em curva ascendente nas mesmas pesquisas. 

Márcio é efetivamente responsável pela manutenção de uma base eleitoral governista para o próprio candidato tucano à presidência da República. No entanto, os emplumados e sua entourage de jornalistas e analistas amestrados, simplesmente o desprezam.  Dória, um traidor notório das promessas de campanha feitas para a prefeitura, notoriamente não é mesmo confiável, elogia o candidato de dia... e o apunhala à noite (como já expressou o próprio Alckmin a fontes muito próximas...).

O confuso quadro tucano em São Paulo, é mesmo inusitado. A chapa de Marcio França soma com uma Coronel da PM na vice-governança. Skaf faz o mesmo, acompanhado de outra oficial da polícia militar,  seguido do partido de Bolsonaro em São Paulo (com Major Olímpio candidato ao senado). Desta forma, quadros de vários matizes ideológicos formam alianças com setores da segurança pública, em prol de um estado mais seguro para o cidadão. No entanto, o principal consultor de segurança do tucanato, Coronel PM José Vicente, na contra mão de todos, abandona a canoa de João Dória... e sai atirando:  denuncia a "irresponsabilidade" do candidato emplumado com relação ao setor,  ao ignorar projetos sérios para urdir propostas demagógicas e inexequíveis. 

Dória foi e é uma opção desastrada, só justificada pela supremacia da vaidade como critério de escolha. O ex-prefeito dá problema, já deu e ainda dará. Insistiu, desde o início, em fustigar  Márcio França, de quem era aliado até a véspera, com isso, abriu uma enorme retaguarda na plataforma paulista de apoio a Alckmin.

Errando o alvo, o tucanato paulista também abriu a retaguarda para quem corria por fora - Paulo Skaf. Agora, segundo as pesquisas, parece estar sendo ultrapassado por Skaf, a quem havia subestimado. Vai ter que buscar alguma aliança inusitada a nível federal, para se salvar.

Os valores em jogo no embate nacional 

No campo nacional, o erro estratégico ao escolher o inimigo não é diferente. 

Como que aceitando a sugestão de José Dirceu, os afobados assessores mais à esquerda de Geraldo Alckmin dirigiram as baterias tucanas contra Jair Bolsonaro, seguindo estratégia similar á de Dória, contra França. 

Mas Bolsonaro é o inimigo errado. 

O grande inimigo do discurso de moderação e defesa da moralidade pública, que tucanos inserem no mote da campanha  de Alckmin, foi e continua sendo o lulopetismo. O PT e seus aliados esquerdistas continuam sendo o grande inimigo, não apenas da campanha de Alckmin e Bolsonaro, mas de todo o Brasil. 

Ajustar a mira contra Bolsonaro, "aliviando" para o golpismo proto-bolivariano lulopetista, constitui um erro de foco descomunal, que só faz crescer a dispersão de eleitores à direita do candidato presidencial do PSDB. Isso envolve o adestramento da mídia  engajada do tucanato, e os discursos de propaganda eleitoral.

A começar da questão delicada da frente ampla envolvendo partidos e líderes atolados em denúncias de corrupção, a campanha do grupo moderado - e "recuperável", do establishment,  expõe um flanco indesejável, e abre uma frágil retaguarda. 

Esse flano frágil, de comprometimento com o que há de pior na política nacional, fica exposto ao eleitorado, quando esse setor ególatra do establishment opõe-se ostensivamente a Bolsonaro, cujo discurso franco não deixa margem para dúvidas. 

A campanha de Geraldo Alckmin, que detém um enorme arco de alianças, por exemplo, ao agir contra o inimigo errado, atrai para si uma pecha de engajamento ao passado incômodo, do qual deveria se livrar...

Alckmin, tanto quando a esquerdalha que gira na órbita petista, ao bater "na direita", alinha-se, na verdade, à imoralidade, à desonestidade, à ditadura do politicamente correto, à ideologia de gênero, à vitimização do criminoso, à capitulação civil, à ideologia da baderna, aos antipatriotas, corruptos, liberticidas, bolivarianos e inimigos do mérito...  Torna-se, portanto, um alvo fácil. 

O cenário de polarização proposto pela campanha do Establishment moderado, que vegeta na campanha de Alckmin, está errado. Não se trata de "direita" contra liberais, moderados, social-democratas e esquerda. Trata-se de resgatar a moralidade, a honestidade, o pluralismo, o respeito à lei, à ordem e à cidadania, contro tudo o que aí está...

A propósito, vale a pena observar o quadro abaixo, para não ter dúvidas do que está realmente em jogo no eleitorado brasileiro:

Um guia para orientar a campanha de quem se pretende defensor dos valores do Brasil 


Aprendendo com o passado

É preciso ter inteligência para além da arrogância. Caso contrário a derrota é certa. E isso já foi visto antes. 

O grupo de Geraldo Alckmin cometeu o mesmo erro na campanha de 2006, contra Lula, e a adesão do candidato tucano ao proselitismo esquerdizóide resultou numa votação menor que a que havia obtido no primeiro turno.

Mario Covas, o verdadeiro (o pai), em 1998, não se deixou levar pela balela tucana de bater nos opositores à direita. Literalmente sacrificou aliados à esquerda para manter o foco na polarização contra os petistas (então liderados por Marta Suplicy), ciente que a vaga à direita seria de Maluf. Isso permitiu que reunisse forças para vencer Paulo Maluf no segundo turno, articulando um novo arco de alianças com o que sobrara à esquerda.

É preciso aprender com o passado. 

Polarizar com Bolsonaro, agora, portanto, é errar o foco.  É ignorar o que realmente pretende o dispositivo bolivariano ainda instalado em Brasília. É desconhecer que só o caos absoluto servirá de base para o desesperado esforço petista de resgatar o poder. 

A ameaça petista

Os petistas estão dispostos a virar a mesa a qualquer preço. Contam com o que há de pior no "deep state", na jusburocracia. O dispositivo bolivariano que ainda age na cúpula das instituições jus burocráticas, manobrará  com Lula e seus postes, manipulando o que for preciso  para tentar tomar de assalto o poder da República. 

Eles não hesitam. Não respeitam regras. Não seguem a lei. Não querem a Ordem. São, portanto, o grande inimigo.

Os quadros mais lúcidos do establishment recuperável, onde se inserem os tucanos alckmistas, aqueles que não cederam à hipocrisia, precisam abandonar a arrogância e focar suas armas eleitorais contra o inimigo certo: Lula e seus postes. 

Lutar contra o inimigo errado, levará todos para o abismo.

Resta esclarecer a questão da falsa polarização no eleitorado. 

Como visto acima, a disputa não é da "direita" contra a "esquerda", não é entre "saudosistas do militarismo" e "defensores da república de 1988". 

A polarização, agora, é de quem defende os valores morais, contra a imoralidade. De quem sabe o que é certo, contra os que só tem olhos para o que está errado. De quem deseja a Ordem, contra quem só germina na baderna.

Todos sabemos porque chegamos onde chegamos. Abandonamos os valores que sustentam nosso tecido social, e substituímos a moral por um discurso imbecil, lotado de distorções e preconceitos. Esse cipoal de rancores sociais, vitimizações, ecologismos e culturalismos desagregadores estão destruindo não apenas o presente, mas contaminando as futuras gerações.

O resultado é essa quase guerra civil, com mais de 60 mil mortos por ano, vítimas da violência urbana, o anestesiamento da sociedade ante os escândalos de corrupção sucessivos, o completo sucateamento do Estado, que a cada dia mais explora o cidadão, e a fuga em massa de talentos, para longe de um país que não mais possui auto-estima.

O fundo do poço, porém, tem alçapão. Poderemos descer mais, se não reagirmos em direção ao lado certo. Esse lado, não compreende lulo-petistas, ideólogos de gênero, capitulacionistas e corruptos. É contra eles que precisamos todos nos articular.

Hora de agir com mais humildade e... deixar diferenças entre quem pretende mudar as coisas para melhor, para enfrentar um adversário que valha a pena no segundo turno, sem o fantasma vermelho do verdadeiro inimigo, ameaçando nosso horizonte.








Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista   e  consultor  ambiental.  Sócio  diretor  do escritório Pinheiro Pedro Advogados.    Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional,  membro  do  Instituto  dos Advogados Brasileiros  –  IAB.  Vice-Presidente  da  Associação Paulista  de   Imprensa  -  API,  é  Editor - Chefe do Portal     Ambiente    Legal,    do    Mural    Eletrônico DAZIBAO e  responsável pelo blog The  Eagle  View.








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