O destino do jacobinismo é a radicalização... e a guilhotina
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Promulgação da "Constituição Cidadã" - fruto da Nova República "jacobina" cuja parábola chega a um final funesto |
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Jacobinos - uma praga
Há um vídeo meu (link no final do texto)*, postado em 2018, onde traço interessante paralelo entre a esquerda-raiz da revolução francesa - jacobina, e o "neojacobinismo" que hoje ocorre no Brasil.
Ao assistí-lo outro dia, verifiquei sua atualidade e constatei que, hoje, sofremos as duras consequências de não termos, no devido tempo, impedido os jacobinos brasileiros, de prosseguirem com sua destrutiva impulsividade, senão vejamos:
A exemplo da revolução francesa, os jacobinos brasileiros traçaram e ainda traçam parábolas funestas. Assim agiram em vários momentos de nossa história republicana, desde o século passado.
É o caso da parabólica "Nova República".
A Nova República
A Nova República foi erigida após o Regime Militar,. Nasceu, no entanto, sob uma égide jacobina: a rejeição a tudo o que aparentasse provir do "antigo regime" - do guarda da esquina às aulas de educação moral e civismo nas escolas.
A Nova República foi erigida após o Regime Militar,. Nasceu, no entanto, sob uma égide jacobina: a rejeição a tudo o que aparentasse provir do "antigo regime" - do guarda da esquina às aulas de educação moral e civismo nas escolas.
Esse fenômeno iconoclasta, jogou fora o bebê com a àgua suja do banho, ou seja, o sentido de Nação com a sujeira impregnada na "Segurança Nacional" (esta, suja, porque justamente havia lavado o País das mazelas do esquerdismo cubanófilo e populista).
Como iconoclastia não gera conteúdo, rapidamente a "nova república" tropeçou na seara das inseguranças jurídicas. Canalizou a resolução de seus conflitos produzindo normas legais casuisticamente quando não, e pior, condicionando a questão à judicialização de absolutamente tudo.
Dessa forma, o arcabouço legal do "antigo regime" - chamado de "entulho autoritário", foi disposto no lixo junto com o que havia de Estado de Direito, dando lugar à relativização de toda e qualquer obrigação.
Dessa forma, o arcabouço legal do "antigo regime" - chamado de "entulho autoritário", foi disposto no lixo junto com o que havia de Estado de Direito, dando lugar à relativização de toda e qualquer obrigação.
Em 1988, o novo regime constitucional implementou um ambiente de relatividades, por meio das quais a cidadania foi agraciada com plenos direitos produzidos no papel, sem nenhum recurso para implementá-los.
Nesse difícil processo, poluído por crises e conflitos, a "Constituição Cidadã" transformou-se de "cornucópia de direitos" em "caixa de pandora" a serviço da voracidade das corporações de Estado e de juristocratas descompromissados com a cidadania.
Nesse difícil processo, poluído por crises e conflitos, a "Constituição Cidadã" transformou-se de "cornucópia de direitos" em "caixa de pandora" a serviço da voracidade das corporações de Estado e de juristocratas descompromissados com a cidadania.
O Estado brasileiro transitou do fisiologismo peemedebista de Sarney, ao salvacionismo de Collor e, daí, após a reforma do Estado, em 1995, promovida por FHC, seguiu em desabalada e demagógica carreira em direção ao populismo esquerdista.
A cada eleição, da tucanagem ao lulopetismo, o conjunto de regras do Estado de Direito, e sua estrutura de implementação, foi piorando até a crise criminológica e econômica, constatada no governo Dilma. Ali, o modelo de cleptocracia ruiu no poço cavado pelo lulopetismo.
A remoção desse lixo deveu-se exclusivamente ao povo, à pressão popular nas ruas e redes sociais, iniciada em 2013, que expôs todas as mazelas e delitos, a debacle moral e o total descrédito da política na República. A rejeição foi externada por gigantescas manifestações de massa e protestos dispersos em cidades, praças e até mesmo em eventos esportivos e "moobs em centros comerciais", que definiram o esgotamento do regime.
O establishment, conjunto de elementos nefastos que detém os aparelhos de estado e a condução financeira da economia - com a onda de revoltas e protestos - no Brasil e no mundo, revelou a geração de lixos amorais que o compõe - não só aqui como em grande parte do mapa mundi globalista. Assim, toda a segunda metade da segunda década deste século XXI terminou encurralando o "Socialismo do Século XXI" e fórmulas "woke" desenhadas pelos globalistas como meios de esgarçamento do tecido moral e civilizatório do ocidente. **
O establishment, conjunto de elementos nefastos que detém os aparelhos de estado e a condução financeira da economia - com a onda de revoltas e protestos - no Brasil e no mundo, revelou a geração de lixos amorais que o compõe - não só aqui como em grande parte do mapa mundi globalista. Assim, toda a segunda metade da segunda década deste século XXI terminou encurralando o "Socialismo do Século XXI" e fórmulas "woke" desenhadas pelos globalistas como meios de esgarçamento do tecido moral e civilizatório do ocidente. **
No Brasil, após o impeachment de Dilma, a "Nova República" morre - velada e sepultada pelo mesmo partido que a pariu, o MDB, sob o comando do Presidente Temer, o último e mais racional dos Estadistas de todo esse período, cujo esforço de reformas, no curto espaço de dois anos, conseguiu implementar alguma racionalidade no lodaçal do fisiologismo que herdara do "Socialismo do Século XXI".
Malgrado todo o esforço, o desgaste sofrido pelo último governo do MDB foi evidente - e isso explicitei com sinceridade no já citado vídeo.
Esse o resumo da parábola funesta, que podemos chamar do enterro da Nova República pelo "jacobinismo brasileiro".
República dos Zumbis
O dispositivo jacobino, no entanto, não se esgotou após a queda do lulopetismo.
Ele sobreviveu encastelado no deep state e na política partidária (graças à hesitação imperdoável do parlamento em não cassar e banir o Partido dos Trabalhadores e seus satélites por terem organizado uma verdadeira facção criminosa durante os governos Lula-Dilma). A burocracia de Estado foi metodicamente aparelhada e infiltrada pelos esquerdistas desde a assunção da "Nova República", na educação, na saúde, nos meios culturais, no jornalismo e, principalmente, na jusburocracia.
Contrariamente ao que ocorreu na revolução francesa, os "Robespierres" não foram guilhotinados. Permaneceram ativos no governo de Jair Bolsonaro - eleito para justamente destruir o que restava do Lulopetismo e promover o resgate dos valores morais, da liberdade de expressão e da livre iniciativa no Brasil.
A gestão Bolsonaro, no entanto, perdeu-se em reatividades e perdeu o foco de sua missão.
Diante do inesperado quadro de confusões e falácias bolsonaristas, os quadros jacobinos tupiniquins - e sua "zumbilândia", aproveitou-se da hesitação dos "girondinos" e conservadores. Trataram então de tecer uma inacreditável e estratégica aliança sob as barbas da inteligência de estado (ou o que deveria ser uma...). Comunistas de botequim conluiaram-se com os "estados gerais" brasileiros - crime organizado, católicos da teologia da libertação, castas corporativistas financeiras, a jusburocracia, políticos fisiológicos e forças de segurança cooptadas pelo narcoterrorismo - tudo com o patrocínio internacional dos chamados "Globalistas-Progressistas" - que despejaram bilhões de dólares em organizações governamentais usadas como fachada - isso, sem contar o apoio evidente da organização criminosa do Foro de São Paulo.
Repita-se, esse "retorno dos zumbis", ocorreu por absoluta falta de preparo científico e teórico, ignorância geopolítica e inabilidade política e diplomática da direita conservadora brasileira.
O Governo Bolsonaro, eleito sob a esperança de uma reforma bonapartista, preferiu manter-se navegando no mar de intrigas de cozinha, conduzindo uma república em frangalhos.
Bolsonaro perdeu-se em querelas comezinhas de copa e cozinha palacianas, gastou energia preciosa em trocas de farpas midiáticas. Enfrentou uma pandemia "de encomenda" para o Globalismo, usada para calar as vozes da liberdade de crítica e expressão mundo afora; reclamou... mas não reagiu, contra a instalação óbvia e explícita do "bunker juristocrático" no judiciário brasileiro. Hesitou em enfrentar institucionalmente um STF aparelhado e destinado a bombardear a direita sistematicamente - avançando sua lawfare sobre posições estratégicas, como a hermenêutica e a exegese constitucional.
Essa lawfare desenterrou um exército de zumbis, em grande parte eliminados pela Operação Lava-Jato, os quais, hoje caminham pelos corredores da sociedade brasileira rescendendo seu odor fétido, enquanto devoram as entranhas do Estado Nacional e excretam as páginas digeridas da carcaça da Constituição de 1988.
O ataque dos zumbis devorou o cérebro da República e reinstalou todo o lixo antes rejeitado pelo Povo Brasileiro - e posto no túmulo pela ação da Lava-Jato e de uma geração preciosa de operadores do direito (hoje mantida no ostracismo) e por um presidente resiliente e impassível ante ameaças, Michel Temer - que, de forma inteligente, com mecanismos até agora não compreendidos pelo vulgo, impôs importantes alterações no sistema legal brasileiro (como, por exemplo, a inteligentíssima alteração da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
Rumo à ruptura
Num processo de ruptura entre Repúblicas... a hesitação é a morte e a covardia um crime ante a história.
De fato, ao contrário da história francesa, os "girondinos" brasileiros foram praticamente dizimados na "Nova República". Suas cabeças foram guilhotinadas pela campanha de descrédito que não deu espaço ao próprio pensamento conservador.
A zumbilândia, organizada pelos jacobinos hoje tutelados pela mais nefasta juristocracia de nossa história, postados hegemonicamente na academia, na mídia, na Administração Pública e na política partidária - trata de subtrair ao povo brasileiro toda a esperança de liberdade, prosperidade e felicidade.
Hoje, não resta qualquer nova liderança que use devidamente a racionalidade na política. As existentes são despreparadas, afinadas com uma "tecnocracia isentona", fracas ou, estão, atoladas na corrupção e reféns da zumbilândia esquerdista.
A pobreza de lideranças e a falta de perspectivas termina por fragilizar todo o sistema.
Assim, o processo político brasileiro caminha, solerte, para uma inevitável, perigosa e provavelmente sangrenta ruptura.
Minha convicção, hoje, é que, tal qual ocorreu na autofágica e jacobina revolução francesa... e em qualquer transição republicana de libertação, a ruptura será cruenta, tanto quanto necessária...
Minha convicção, hoje, é que, tal qual ocorreu na autofágica e jacobina revolução francesa... e em qualquer transição republicana de libertação, a ruptura será cruenta, tanto quanto necessária...
A única saída é articular, preparar, organizar, mobilizar e empregar os quadros detentores de valor moral, experiência pessoal, racionalidade e patriotismo, para romper com esse estado de coisas, resgatar a razão, restaurar a moralidade e recuperar a democracia.
*Nota:
Recomendo ao leitor assistir e divulgar o vídeo abaixo, "Jacobinos no Brasil", uma postagem datada do período das eleições de 2018, porém premonitória e extremamente atual, sobre o assunto:
Link no youtube:
Ficha técnica:Produção: AFPPData da Gravação: 19 de junho de 2018Duração: 4:40min.
** PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro - "Globalização e o Risco da Nova Ordem Mundial", in Blog "The Eagle View" - in https://www.theeagleview.com.br/2019/09/globalizacao-e-o-risco-da-nova-ordem.html
Nota*** : vexto revisto em mar2025
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados, Diretor da AICA - Agência de Inteligência Corporativa e Ambiental, foi Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, é membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB. Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa - API. É Editor- Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.
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