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quarta-feira, 11 de outubro de 2017

CATALUNHA: VÍTIMA DO SEPARATISMO IMBECIL

Populismo e falta de memória contribuem para fragilizar a União Europeia





Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro


Após um plebiscito precariamente organizado e realizado sem qualquer plenitude, o governo catalão  do populista Carles Puigdemont,  declarou  "independência" da Espanha. O dissimulado governante, contudo, "suspendeu" os efeitos da declaração, visando abrir um "diálogo" com o governo espanhol e a união européia.

Foi criticado pelos mais radicais dentre os separatistas idiotas.

Antes de soltar fogos ou tecere loas à "liberdade", é melhor ver as coisas como de fato são.

A crise aberta por esse movimento é mais profunda que parece. Senão vejamos:


Separatistas ou expansionistas?


O Independentismo Catalão constitui um movimento nacionalista que não pretende apenas a independência da Catalunha  em relação à Espanha. Quer ainda anexar parte da França e da Itália.  Trata-se, portanto, de uma invencionice esquerdista, que parasitou um natural sentimento cultural regionalista, com raízes provincianas, transformando-o em um movimento "nacionalista - patriótico", não apenas desagregador, mas também expansionista.

Em verdade, a corrente independentista pretende formar uma "confederação" de países catalães, unindo a Comunidade Valenciana, as Ilhas Baleares, o Rossilhão na França (a denominada Catalunha Norte), a Faixa de Aragão (Aragão), El Carxe (comarca de Múrcia) e Alguer (na Sardenha, Itália), juntamente com Comunidade Autónoma da Catalunha (excluindo o Vale de Arão).

O movimento parte de uma premissa discutível: de que há uma história, cultura e língua próprias, bem como um "direito civil" catalão, a expressar um país amarrado à Espanha.

Em verdade, o movimento reconhece a nação com base em um liame de cultura regional e um dialeto. Isso nem de longe configura uma nacionalidade pátria

A ação não é isolada. É fruto da confusão de doutrinas originada no paradoxo entre esquerdismos (são vários) e globalismo, que confundem Pátria, Nação e Estado. Essa confusão gera outro paradoxo: auxilia a agenda expansionista protofascista, estimula impulsos patrióticos e alimenta a xenofobia.

O separatismo catalão é fruto dessa confusão. Ele é falsamente patriótico. Alimentado por uma esquerda delirante em busca de um pretexto, gente que pretende acender um pavio de pólvora em qualquer paiol que se apresente. 

Patriotismo sem origem, delirante e idiota, pois, sem perceber, atende à agenda desagregadora da "Nova Ordem Mundial" e, também, paradoxalmente, ao expansionismo nazifascista europeu - que ressurge na rebarba dessa nova ordem. 


A verdade dos fatos

Idiotas! É o mínimo com que se pode taxar os integrantes da corrente separatista da Catalunha. Desconhecem o que é nação e pátria.

Charles De Gaulle definia patriotismo "quando o amor por seu próprio povo vem primeiro" e nacionalismo "quando o ódio aos demais povos vem primeiro". Por óbvio, a mensagem estava contaminada pelo trauma sofrido com o nazismo.

Para entender melhor a diferença entre patriotismo e nacionalismo, é preciso ter em mente os conceitos básicos de "nação" e "país".

Nação é expressão cultural da pátria. Ela é intangível.

O País é expressão material do território e sua organização política. Ele é tangível.

Portanto, há nação sem país. Há países que abrigam expressões policulturais e há, também, países constituídos por várias nações.

É o caso da Espanha. 

A Catalunha era um principado unido ao Reino de Aragão. 

Juntamente com os reinos de Valência e Maiorca, essas côrtes formavam a Corôa de Aragão, que se estendia da borda da França e prosseguia pela península ibérica até os limites do Reino de Castela, quando ainda sequer existiam Estados Nacionais.

A Espanha que hoje conhecemos nasceu da união dos dois reinos da velha península, Castela e Aragão. Essa união foi selada através do casamento de Isabel de Castela e Fernando II de Aragão, que ficaram conhecidos na história como os "Reis Católicos" e foram o pilar da construção da Grande Espanha, que incluia o então Reino de Portugal.

A junção desses reinos, formou a Espanha, e também firmou a identidade europeia em face do expansionismo muçulmano, encerrando o período de avanço militar dos mouros ao longo do mediterrâneo.

Portanto, é importante que se diga: SE a Espanha surgiu da aliança histórica de reinos autônomos, por razões determinantes, NUNCA existiu um país catalão.

Se não houve um país catalão, a "independência" da Catalunha em relação á Espanha é uma miragem histórica sem passado. Algo que nem Don Quixote de La Mancha enxergaria.

É característico da Espanha a autonomia das regiões, justamente por guardarem culturas com traços próprios - algo para se admirar, não para segregar ou desagregar.  

Aliás, a autonomia resgatada na Constituição de Espanhola da década de 70, no século passado, já vigorava entre as côrtes até a unificação ocorrina no século XVIII, na guerra de sucessão espanhola (que tornou a açambarcar Portugal por uma geração).


A quem interessa o desastre


O fato é que, além de ser uma miragem, a "pátria" catalã é um desastre para o povo espanhol.

Essa campanha demagógica é típica manifestação populista - uma psicopatia coletiva que assalta as democracias.

A psicopatia populista é catartica. Tem o condão de nublar a razão e confundir a memória e as referências históricas. Ela age sobretudo nas novas gerações, que não viveram a guerra fria, desconhecem a Segunda Grande Guerra e ignoram a dimensão do desastre ocasionado pelo nazifascismo.

 Por isso mesmo, ao apoiar a desagregação do tecido social de seu país, parte desorientada da juventude catalã não divisa que o caos segue uma razão populista absolutamente anti-democrática.

Se a formação da Espanha firmou a identidade da Europa, o caos agora iniciado poderá desestabilizar a União Europeia.

Há quem ganhe com isso. A começar dos Russos,  que usarão o argumento para consolidar a divisão da Ucrânia. Servirá de pretexto, também, para  um dominó de campanhas separatistas regionais, o que muito contribuirá para uma nova onda de terrorismos "patrióticos", nacionalistas e liberticidas.


Plebiscito "útil"


Alegar que o "plebiscito" foi democrático, por sua vez, é agir com sarcasmo contra a inteligência.

Só quem não entende matemática pode ignorar que compareceram ao plebiscito "apenas" os que votariam a favor. E uns poucos inocentes inúteis ousaram fazer quorum.

Pouco mais de 40% do eleitorado compareceu. Fossem todos, o separatismo perderia.

Mas a doutrina do politicamente correto, a necessidade de se tolerar intolerantes, a  crença confusa entre respeito à pluralidade e submissão ao interesse plural de minorias, levou à hesitação e à consolidação do erro.

No mundo comandado por burros esquerdistas, esquerdistas burros entenderam que, diante da falta de bandeiras de luta pelas quais lutar, o  esgarçamento dos tecidos sociais seria uma excelente bandeira de luta "revolucionária". Em busca talvez de um comunismo bobalhão, transsexual e politicamente correto... a esquerda "nacionalista" confundiu sua agenda com a agenda historicamente patrocinada pela extrema direita.

Em busca do caos, como condição para uma "nova ordem",  os hipócritas alienados fazem exatamente o que Adolf Hitler ordenaria a seus asseclas, se interessasse a ele dividir a espanha e toda a europa outra vez, impondo um caos para, então inocular como remédio uma "nova ordem".  Basta ler a história...

Como toda bactéria, o separatismo formará um caldo de cultura, que servirá de pretexto para a imposição da "Nova Ordem" em moldes protofascistas.

A possibilidade o protonazismo crescer é real. Está na raiz dos separatismos, na xenofobia e na desagregação da União Europeia.  

Há uma confusão de paradoxos entre o esquerdismo desagregador "politicamente correto", o globalismo pregado pela chamada "Nova  Ordem  Mundial",  a xenofobia separatista da direita patriótica e os supremacismos pan-europeu, asiático e latino, nazifascistas. No entanto, todos, sem exceção, usam o pluralismo democrático como pretexto e, no fundo, querem se livrar do regime representativo em prol de uma coalização de líderes performáticos, sustentados pelo dinheiro das grandes corporações e pelos movimentos radicais "eleitos" pela mídia. 

É fato, a vaidade dos tolos não tem limite. E ela cega.


Matemática da desagregação


Ceguetas da mídia, intelectuais de orelha de livro e artistas sem arte.... se esbaldaram nas redes concessionadas e sociais, tecendo loas à nova catalunha. Ignoraram que a maioria dos eleitores da Catalunha simplesmente boicotou o pleito, como orientado pelo governo espanhol.

Nessa matemática da desagregação, o sonho da união europeia se despedaça. O neofascismo ressurge, paradoxalmente, à sombra e no eco da sonoridade barulhenta e nas palavras de ordem da massa esquerdista e ignara.

Pobre Catalunha, triste Espanha. 




Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado, sócio-diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados.  Consultor  ambiental,  com consultorias prestadas ao  Banco Mundial,  IFC,  ONU  ( PNUD e UNICRI), Governo Federal, governos  estaduais   e   municípios. É  integrante   do   Green Economy  Task   Force  da Câmara de Comércio  Internacional. Jornalista, é Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa, editor-chefe do Portal e Revista Ambiente Legal  e publisher do Blog The Eagle View.

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