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sexta-feira, 16 de junho de 2017

TOP MODEL VASSOURINHA

Novo prefeito de São Paulo começa a gestão fazendo marketing vazio...





Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro



“Chegará o dia em que todo gari de São Paulo vestirá Polo Ralph Lauren para trabalhar”.


A paráfrase construída pelo Piauí Herald, se adequa perfeitamente à piada pronta representada pela vassourada de dez segundos - e blá blá blá de uma hora - protagonizada pelo novo prefeito João Dória e seus auxiliares, fantasiados de gari (roupa feita sob medida), a título de iniciar a execução do projeto "Cidade Linda", em São Paulo.

Fala sério! Dória - aquele que não era político e, sim, gestor - protagonizou episódio de populismo tão rampeiro quanto Lula e ministros fantasiados de petroleiro, sujando mãos e uniformes com óleo bruto, ou o ministro lulista da defesa, Nelson Jobim, desfilando vaidosésimo a sua coleção de uniformes militares estilosos...

Observando essa manifestação demagógica idiota, me veio à mente os vários prefeitos paulistanos que realmente foram a campo trabalhar, sem vestir fantasia ou criar factóides.

Lembro de ter visto Mário Covas, nos anos 80, vistoriando as obras da cidade e supervisionando a limpeza pública, logo pela manhã, de mangas arregaçadas, conversando com os transeuntes, sem TV, sem seguranças e puxa-sacos, sem assessores fantasiados de gari... Faria Lima, no final dos anos 60, operando, de terno, uma máquina escavadeira, para iniciar a construção do metrô, ou mesmo Jânio Quadros multando carros pelo caminho (incluso o próprio) entre sua casa e a prefeitura, sem se vestir de marronzinho...

Dá nó no estômago ver esse espetáculo ridículo de um Prefeito fantasiado... visivelmente deslumbrado com o próprio protagonismo, cercado de todo tipo de curiosos e seguranças, fingindo que está varrendo alguns metros de calçada (varrida de véspera), e atrapalhando o serviço dos verdadeiros profissionais da limpeza - os garis.

Como já havia escrito tempos atrás*, a realidade está imitando a ficção e pode inspirar um novo filme do personagem de Derek Zoolander, como prefeito de uma metrópole...

Zoolander é um filme estrelado por Ben Stiller, que mostra a saga de um modelo vazio, como o mundo fashion em que vive e que, inadvertidamente, acaba se envolvendo em uma trama internacional da indústria da moda para matar o primeiro ministro da Malásia. O besteirol cinematrográfico ganhou uma nova versão em 2016, lotada de tinturas, bronzeamentos artificiais, silicones e botox. Seria mais um filme destinado às risadas ocasionais e esquecimento se não guardasse total similitude com a performance do novo alcaide paulistano, desde o gestual do "acelera" em campanha, até os estilo up to date no vestir...

A professora Ana Alencar, uma cidadã que presenciou a cerimônia performática, chegou à mesma conclusão: "De Aquaman para Zoolander, de Collor para Lulla, quando o gestor quer ser astro, a sociedade fica às escuras"... vaticinou.

Para quem não sabe, "aquaman" era o apelido do prefeito anterior, Fernando Haddad, nos tempos de faculdade de direito da USP, pois tinha as qualidades da água: "insípido, inodoro, incolor e fluído" - ideal para disputar eleição, seja para o Centro Acadêmico de então, seja para a prefeitura de São Paulo.

Tal qual o anterior,  presenciamos um primeiro dia cheio de performances e sem nenhum conteúdo. De novo, não estamos começando bem.

Que "João trabalhador" torne a vestir a fantasia de prefeito e... acostume-se com ela - pois foi eleito para valer como tal.

São Paulo quer um prefeito, não um Top Model Vassourinha...



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Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional (Paris), membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, Vice-Presidente Jurídico da API - Associação Paulista de Imprensa.  É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.


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