GOVERNO FIRMA ACORDO COSMÉTICO, SEM ATENDER CONSUMIDORES, MUNICÍPIOS E CONTROLE DA POLUIÇÃO
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| A perenização da miséria só interessa às empresas e à esquerda |
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Acordo Setorial não atende à demanda de obrigações do setor, estabelece a perenização do trabalho semi-escravo em cooperativas de catadores e prepara bomba relógio para consumidores, empresas e municípios…
MUNICÍPIOS REAGEM TARDIAMENTE
A Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento – Assemae, reuniu (em 12/11/2015), um grupo seleto de técnicos, com o objetivo de avaliar a proposta de acordo setorial destinada à logística reversa de embalagens em geral. Na ocasião, os participantes decidiram encaminhar ao Ministério do Meio Ambiente um documento conjunto das entidades para reivindicar a efetiva participação dos municípios na construção dessa política pública.
O texto das entidades descreveu as lacunas do acordo setorial, bem como solicitou a adequação da proposta aos requisitos exigidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) e pelo Edital de Chamamento 02/2012.
O grupo analisou, preliminarmente, o texto da proposta encaminhado pelo governo federal em 04 de novembro de 2015.
Apesar das pequenas alterações, o documento continua excluindo os municípios do acordo setorial e privilegia apenas o setor privado e cooperativas de catadores. Além disso, a proposta permanece sem definir, de forma clara, a remuneração dos municípios ao desempenharem atividades de logística reversa, já que o recolhimento da fração seca dos resíduos é uma responsabilidade do setor privado, ou seja, do gerador do produto, conforme assegura a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10).
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representantes municipais analisam a proposta das
empresas de embalagens – interesse da iniciativa
privada em jogar a conta da gestão do grosso dos
resíduos para o contribuinte… mais uma vez.
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De acordo com a diretora-geral do Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU/DF) e coordenadora da câmara técnica de resíduos sólidos da Abes, Heliana Kátia Campos, a proposta apresenta deficiências na elaboração das metas e também prioriza uma quantidade reduzida de municípios.
“O acordo setorial parece desconhecer a diversidade brasileira de pequenos municípios, pois quer priorizar apenas as 12 capitais que sediaram jogos da Copa do Mundo. Existe a ausência de critérios claros e pouca representatividade para a escolha dessas grandes cidades”, afirma Heliana.
Segundo o presidente da Assemae, Aparecido Hojaij, os mais de cinco mil municípios brasileiros não podem ser excluídos das decisões que impactam diretamente o dia a dia das cidades.
“As políticas públicas devem assegurar o protagonismo dos serviços municipais de limpeza urbana. Por isso, estamos unindo forças para que a participação do ente federal municipal seja viabilizada em um processo do qual ele é titular”, diz o presidente.
O grupo requereu, ainda, que o governo federal respondesse ao questionamento dos municípios antes da assinatura do acordo setorial.
O documento conjunto foi enviado ao MMA na quinta-feira, 19 de novembro – uma reação tardia, visto que a apresentação da minuta de acordo setorial já indicava que as partes não pretendiam mudar nada.
ACORDO SETORIAL INÓCUO SAI NA SURDINA…
Fazendo ouvidos moucos ao alerta dos municípios – e de vários outros técnicos do setor, o Governo Federal assinou, no último dia 25 de novembro, na surdina, o Acordo Setorial de Embalagens.
O tal acordo busca definir a operacionalização do sistema de logística reversa. as obrigações da União, a participação do consumidor; responsabilidades gerais das empresas, fabricantes e importadores de produtos comercializados em embalagens, fabricantes e importadores de embalagens; a responsabilidade dos distribuidores e comerciantes, titulares dos serviços públicos de limpeza e manejo de resíduos sólidos. Institui metas e fornece mais estímulo à participação dos catadores.
A primeira fase de implementação do acordo compreende as seguintes medidas:
.adequação e ampliação da capacidade produtiva das cooperativas de catadores de materiais recicláveis;
.viabilização de ações necessárias para a aquisição de máquinas e de equipamentos destinados às cooperativas;
.capacitação e qualificação de catadores visando a melhoria da qualidade de vida, capacidade empreendedora;
.visão de negócio e sustentabilidade;
.fortalecimento de parcerias para consolidar pontos de recebimento em lojas do varejo;.compra de embalagens triadas por cooperativas e centrais de triagem;
.investimento em campanhas de conscientização com o objetivo de sensibilizar os consumidores para a correta separação e destinação das embalagens; etc..
A idéia do acordo é reduzir em 22% o volume das embalagens dispostas em aterros, até 2018, o que representaria a média de 3.815 ton./dia, aproximadamente.
Os números já revelam o traque produzido, quando o que se esperava era no mínimo uma “bombinha de cem”…
Por trás desses “traque de dez”, está o CEMPRE – Compromisso Empresarial Para a Reciclagem, uma entidade intimamente vinculada à manutenção de cooperativas de serviços de catação, administração de pontos de entrega voluntária, etc.
Grandes multinacionais também se interessaram pelo “traque setorial” – em especial aquelas que temiam ser obrigadas a recolher garrafas PET produzidas por terceiros e coletadas pelos serviços de saneamento municipal.
Por óbvio, se o acordo realmente tivesse intenção de reduzir a poluição difusa causada pelo descarte irregular desse tipo de material – cuja reponsabilidade pela coleta é, hoje, exclusivamente dos municípios – a integração de responsabilidades deveria ocorrer, independentemente da origem do produto…
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| Plácido: “quem vai pagar a conta?” |
Ademais, um acordo setorial não pode regularizar a atividade de empresas e organismos que fazem as vezes de “feitores”, como antigamente se denominava aqueles que cuidavam da mão de obra escrava nas fazendas.
The Eagle View irá acompanhar com atenção...




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