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quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

CLIMA GLOBAL E EFEITO-ESTUFA

 A tendência do clima é de resfriamento global nos próximos 10 anos





Por Luiz Carlos B. Molion



Existe muita gente bem intencionada no que concerne a mudanças climáticas, aquecimento global e conservação do meio ambiente. No entanto, sem conhecimento algum, nem raciocínio crítico sobre o que ouve falar e sobre o que fala ou escreve. Tais pessoas simplesmente repetem o que ouviram de outras consideradas “conhecedoras da Ciência do Clima”. 


Por outro lado, muitos dos que se dizem conhecedores da matéria, também têm interesses próprios e nem sempre estão dispostos a revelar as limitações e incertezas do conhecimento atual sobre o tema.



Confusão temática


Não se pode confundir “mudanças climáticas” com conservação ambiental. São temas muito distintos! 


A conservação ambiental é necessária para que a espécie humana continue a sobreviver neste Planeta, independentemente de o clima se aquecer ou se resfriar. 


Mudanças climáticas têm ocorrido naturalmente ao longo dos milhões de anos e mudanças globais se processam independentemente das ações humanas. 



GEE e "Efeito-Estufa” 


O efeito-estufa é definido como sendo o processo físico pelo qual gases constituintes minoritários da atmosfera, absorvem a radiação infravermelha térmica (IV), emitida pela superfície terrestre, que irradia ao ser aquecida pelo Sol. 


A hipótese é que a radiação IV absorvida pelos Gases de Efeito Estufa é reemitida em direção à superfície, e sua retenção a manteria aquecida. 


Embora não haja comprovação, propala-se que o aumento da concentração do GEE reduziria a perda da radiação IV, emitida pela superfície para o espaço exterior, aumentando a temperatura do Planeta. Daí a necessidade de se reduzirem as emissões dos GEE.


Com efeito, a atmosfera terrestre é constituída de nitrogênio (N2=78%), oxigênio (O2=21%) e argônio (Ar=0,9%)- que não absorvem IV, enquanto os GEE estão presentes em minúsculas concentrações, medidas em partes por milhão por volume (1 ppmv= 0,0001%), como a do CO2 igual a 390 ppmv (0,039%), a do CH4 igual a 1,7 ppmv e a do N2O igual a 0,33 ppmv. 


Teoricamente, o GEE mais importante é o vapor d’água (H2O♤ = umidade atmosférica) que é produzido principalmente pela evaporação dos oceanos, e tem concentração variável com o tempo e espaço, chegando a 4% por volume (40.000 ppmv) em regiões oceânicas tropicais. 


Porém, o vapor d’água não é considerado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), porque se torna difícil convencer as pessoas que o H2O♤ seria produzido pelas atividades humanas... 


Os GEE restantes, ao contrário, têm algum tipo de ligação com as atividades humanas - e, portanto, podem ser culpados pelo aquecimento global. 



GEEs e sua insignificância


Demonstra-se, a seguir, que, à exceção do H2O♤ os GEE não têm papel significativo no efeito-estufa, e o aumento de suas emissões e concentrações não interfere no clima global, não havendo emergência climática e urgência ou necessidade de reduzir suas emissões.


Um gás, cujas moléculas tenham mais de 3 átomos (poliatômico), que é o caso dos GEE, absorve radiação IV por meio de vibração e rotação de suas moléculas. 


Ao absorver um quantum de IV, a molécula se excita, roda ou seus átomos vibram em torno do centro de massa, e ela passa para um estado energético mais elevado. 


Porém, vibração e rotação são resultantes da transformação da energia radiante (IV), absorvida em energia mecânica de vibração/rotação. A Física Quântica comprova que o decaimento da molécula excitada para seu estado básico de energia, se dá primeiramente por meio de choques inelásticos e não por emissão de IV, sendo o processo de perda por choques inelásticos 10 mil vezes mais eficiente que o decaimento por emissão radiativa. 


Em volta de cada molécula de CO2, que é o GEE que se apresenta em maior concentração, existem pelo menos 2.600 moléculas de outros gases, como N2, O2 e Ar. Ao vibrar e rodar, a molécula de CO2 se choca com essas outras moléculas e transfere, para elas, a energia de excitação, contribuindo para um aquecimento do ar que é minúsculo, imensurável e, portanto, desprezível, uma vez que sua concentração é ínfima. 


Ora, se a molécula de CO2 perde sua energia por choques, ela não pode emitir energia que já não mais possui. Se o fizesse, estaria violando a Lei da Conservação da Energia! O mesmo processo ocorre com o CH4 e N2O, cujas concentrações são bem mais inferiores à do CO2. 


Então, a afirmação que “os GEE absorvem radiação IV e emitem em direção à superfície terrestre, aquecendo-a”, é deveras questionável.


Assim, o papel dos GEE no efeito-estufa, como descrito pelo IPCC, além de questionável, é improvável. 



Radiação e massa de ar


A radiação IV medida na superfície, proveniente da atmosfera, é emitida pela mistura gasosa denominada “ar”, pois o ar possui “massa”. 


Um metro cúbico de ar pesa 1,2 kg a 20°C. Quando ar se aquece, ele emite radiação IV de acordo com a Lei de Stefan-Boltzmann, como faz todo corpo com temperatura acima do zero absoluto. 


Não são apenas os GEE que emitem IV e, sim, o ar e sua umidade, composto quase que totalmente (99,9%) de N2, O2, Ar e H2O♤.


Outro argumento, de mais difícil compreensão, é que os GEE são seletivos, absorvendo apenas em algumas faixas ou bandas de absorção estreitas de IV. 


As do CO2 estão localizadas na região espectral de comprimentos de onda de 4,3 μm e 15 μm. As bandas de absorção do CH4 em 3,3 μm e 7,5 μm e, as do N2O, em 4,5 μm e 7,9 μm (1 μm =milionésima parte do metro). 


A superfície emite o máximo fluxo de radiação IV em 10 μm e emite muita pouca energia na região espectral dos comprimentos de onda, em torno de 4 μm e após 20 μm. 


Portanto, embora os GEE sejam bons absorvedores nas bandas localizadas em torno de 4 μm, como a emissão da superfície da Terra é pequena nessa parte do espectro, a radiação IV absorvida é ínfima e não tem impacto na temperatura global. 


O H2O♤ apresenta uma forte e larga banda de absorção, um continuum, centrada em 6,3 μm e bandas de rotação a partir de 16 μm. A radiação IV emitida nas bandas de absorção do CH4 em 7,5 μm e a do N2O em 7,9 μm, já é absorvida pelo H2O♤ , pois sua concentração é muito mais alta que a desses GEE uma vez que o poder de absorção aumenta com a densidade do gás absorvedor. 


A concentração do CH4, por exemplo, teria que aumentar de 20 mil vezes para ter efeito comparável ao do H2O♤. 


Logo, esses gases não contribuem significativamente para aquecer o ar. 


Resta a banda de absorção do CO2 em 15 μm. Estimativas de absorção pelo CO2 nessa banda mostraram que a concentração atual desse gás já é suficiente para absorver toda radiação IV emitida nesse comprimento de onda nos primeiros 10 metros da atmosfera. Dobrar a concentração de CO2, que é o pior cenário climático futuro do IPCC, aumentaria a absorção em apenas 3 W/m2, correspondente a um aumento da temperatura global inferior a 0,5°C da temperatura global. Por exemplo, William van Wijngaard e William Happer, em 2019, confirmaram essas conclusões já obtidas por vários outros cientistas. 


Em adição, sobre os oceanos tropicais, a banda de absorção rotacional do H2O♤, entre 16 μm e 50 μm, parece ser mais eficiente em absorver IV nessa parte do espectro eletromagnético do que a banda de 15 μm do CO2 em função de a concentração de H2O♤ ser cerca de 100 vezes maior que a do CO2 .



Geopolítica, eletricidade e agropecuária


Considere-se o caso dos GEES emitidos pela geração de energia elétrica e atividades agropecuárias - notadamente dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxidos de nitrogênio ( NxOy ), na intensificação do erroneamente chamado “efeito-estufa” e consequente aquecimento global. 


Como acima detalhado, o aumento das emissões dos chamados GEE produzidos pela queima de combustíveis fósseis, atividades agropecuárias e lagos artificiais, não aqueceriam o Planeta, pois esses GEE não têm papel importante no efeito-estufa. 


Faz 27 anos que a temperatura média global está estável, enquanto a concentração desses gases tem aumentado. O CO2, por exemplo, aumentou cerca de 5% nesse período. 


Há uma grande hipocrisia quando se fala em reduzir as emissões, como nas Conferências das Partes [COP], cuja trigésima edição será no Brasil em 2025. 


Na Alemanha, termelétricas foram postas novamente em funcionamento, já que as energias renováveis, solar e eólica, não conseguem suprir as necessidades do país. 


O Japão, depois do acidente de Fukushima em 2011, desativou a maior parte das nucleares e, agora, está usando termelétricas a carvão. 


Na COP 26, em Glasgow, Escócia (2021), o primeiro ministro da Índia, Narendra Modri, recusou-se a acabar com o uso do carvão mineral na geração de energia elétrica, sob o argumento que, em seu país, 3% da população ainda não tem acesso a esse bem.


Os combustíveis fósseis ainda são a maneira mais prática e barata para gerar energia elétrica confiável, firme e segura. Se assim é, esses países estão conscientes que vão emitir mais CO2 à medida que a população e a economia crescem? 


É claro que estão! Mas, o importante para eles é bem estar social e crescimento econômico e não o "aquecimento global". 


Assim, ou parece que vários países - com grande carga teórica e científica - não estão preocupados com o aumento dos GEE, ou sabem que os GEE não controlam o clima global. 



Conclusão


Não se nega que houve um aquecimento global entre 1976 e 2005. 


Diverge-se, porém, quanto à sua causa, que na opinião deste autor foi natural e resultante da redução da cobertura global de nuvens em 5%, e da maior frequência de eventos El Niño - muito fortes - e que, sabidamente, liberaram enormes quantidades de calor para a atmosfera, a ponto de aquecê-la globalmente. 


A tendência do clima, no entanto, é de resfriamento global nos próximos 10 anos. 


A pergunta que fica é: se os GEE, emitidos pela agropecuária e pela geração de energia elétrica, não interferem no clima global, a quem interessa a redução de suas emissões?



Nota:

Artigo revisado do publicado originalmente na Revista Opiniões - Dez 2024, e traduzido em sete línguas





Professor Luiz Carlos Baldicero Molion ,  graduado em Física pela Universidade de São Paulo (1969), PhD em Meteorologia pela University of Wisconsin, Madison (1975), com pós-doutorado em Hidrologia de Florestas pelo Institute of Hydrology, Wallingford, UK (1982). Fellow do Wissenschaftskolleg zu Berlin, Alemanha (1989-1990).[8] Foi pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE,  diretor da área de ciências espaciais e atmosféricas em 1985 e diretor associado em 1986 -  ano em que co-coordenou projeto de pesquisa sobre a Amazônia em parceria com cientistas da NASA. Foi diretor da Fundação para Estudos Avançados no Trópico Úmido em Manaus, professor convidado da Western Michigan University,  2001 e delegado do Brasil na 15ª reunião da Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial em 2010. É Professor  aposentado  e Associado da Universidade Federal de Alagoas.


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3 comentários:

  1. Molion destrói a afirmação false sobre o vapor d'água.
    O ciclo hidrológico "variável" (que dizem ser o "problema" de não constar na lista de GEE), influencia 99% dos fenômenos climáticos. Por isso a importância da água e a desertificação decorrente da sua escassês. Quanto ao "persistente" CO2, por óbvio que ele se amplia nos aquecimentos. É assim que verificamos os picos de calor... ocorrentes há centenas, milhares e milhões de anos. É preciso considerar os riquíssimos dados apresentados... sem partir para "climatismo woke" tão em moda

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  2. Cadê o professor Felicio ? Molion Mais um no rol dos negacionistas ilustres....toma jeito Pinheiro Pedro ou vai para a calçada da fama da Wikipedia ou na tripulação do Musk para Marte rsrsrs abs e se cuida ..https://pt.wikipedia.org/wiki/Negacionismo_clim%C3%A1tico_no_Brasil#:~:text=O%20negacionismo%20clim%C3%A1tico%20se%20caracteriza,estudado%2C%20mas%20que%20agora%20j%C3%A1

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    1. Registrado. Esse progressismo tóxico leva à intolerância acrítica e só empobrece. Observe a marcha dos acontecimentos...

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